PARIS HILTON
Aqui do Brasil estou torcendo para que a causa que levou a jovem milionária a violar sua liberdade condicional seja tão-somente o uso abusivo de álcool, sem o acompanhamento de outras substâncias químicas. Ressalto o fato de que não pretendo, nesta crônica, promover discurso para enaltecer a droga álcool, mesmo porque não desconheço o potencial de destruição mental, moral, física, espiritual e mortal que esta possui. Mas, levantando a hipótese de que Paris já possua a chamada Síndrome de Dependência do Álcool, a recuperação desse mal pode ser mais rápida e mais efetiva. Na recente prisão, ela relata que teve uma experiência espiritual que lhe estimulou mudança de vida. Um valioso primeiro passo para a recuperação de qualquer usuário, independentemente da sua droga de preferência. Costumo dizer que: “A mudança para o bem ou para o mal pode ocorrer comigo neste exato momento. Basta eu querer”.
Quando tomei conhecimento da idade de Paris Hilton, 26 anos, minha crença em sua recuperação me pareceu mais transparente. Senão vejamos:
Considere o alcoolismo em quatro estágios, que podem levar de alguns meses a cinco anos cada um. Na maioria dos casos, o primeiro estágio, as primeiras experiências com a bebida ocorrem na adolescência. Para um determinado percentual, haverá um ganho tão expressivo nesta primeira experiência que, fatalmente, voltarão a fazer uso de bebidas. Assim, neste estágio: com algumas doses, o álcool produzirá significativas transformações. Como num passe de mágico, tímidos se transformam em famosos “falantes xaropes”; os covardes viram machões; os bons e obedientes filhos, estes,,,
Segundo estágio: começo da fase adulta. Primeiras mentiras sobre a quantidade de bebida ingerida, primeiras brigas no trânsito; pedidos de licença no emprego, desperdício de material de serviço, atrasos e absenteísmo.
Terceiro estágio: primeiros internamentos hospitalares, prisões, primeiros desejos de parar de beber, normalmente, sem sucesso.
Quarto e derradeiro estágio: delírios, alucinações, hospício, penitenciária, morte antecipada ou a recuperação por intermédio de ajuda especializada e/ou de grupos de mútua ajuda, como Alcoólicos Anônimos.
Paris Hilton ou qualquer cidadão ou cidadã deste planeta que esteja fazendo uso abusivo de álcool e ou de outras drogas poderá evitar anos e anos de sofrimento causado por essas substâncias químicas, optando pela abstinência permanente e total do seu uso.
Alguns fatores poderão fechar as portas das boas intenções de Paris. Por exemplo: a sensação de que passou a ser uma heroína por ter cumprido 51,11% dos 45 dias de sua condenação; os permanentes flashlights em colunáveis e em marginais por uma grotesca e inescrupulosa imprensa que estimula a contravenção; os patéticos aplausos dos debilóides desocupados, tais quais aqueles que ansiosamente aguardavam sua saída na porta da prisão.
Não se maltrata um usuário abusivo ou um dependente de drogas, mas deve-se permitir que ele próprio enxergue e sinta as feridas causadas pelas chibatadas da drogadição. Isso acelera o processo de recuperação.
*Luiz Celso de Matos é Técnico em Reabilitação de Dependentes Químicos.
E-mail: andrausdematos@yahoo.com.br