Bolsa-família

Bolsa-família

Em 2005, publiquei um artigo em um dos jornais locais, onde dizia que o Bolsa-família contribuía mais para aumentar os bolsões de pobreza do que para mitigar a miséria reinante no nordeste brasileiro. Claro que a visão de um humilde professor, não teve nenhuma influência na montagem de um planejamento capaz de fomentar o desenvolvimento do nordeste e muito menos do Brasil. Coisas do Brasil! Mas, a avaliação do economista Jeffrey Saches, representante da ONU para as estratégias de luta contra a pobreza, concluiu que colocar crianças na escola e oferecer ajuda individual, pode ter certo sucesso por algum tempo, mas não é a estratégia adequada para o médio e longo prazo.

Mr. Saches é da ONU, portanto,o que fala deve ter credibilidade. Entretanto, sempre na contramão do desenvolvimento, o governo Lula reajustou em 17,89% o valor máximo do Bolsa-família, ou seja, passa de R$ 95,00 para R$ 112,00 a ser percebido em agosto próximo. Quando o salário mínimo era R$ 350,00, o benefício governamental correspondia a 27%. Como o salário mínimo passou para R$ 380,00, a ajuda corresponderá a 29,50%.

Hoje, acaba de ser publicada uma pesquisa do Ibope, onde o governo Lula tem mais de 60% de aprovação.

Pelo andar da carruagem, macacos me mordam se nos próximos três anos, o governo petista aproxime essa relação para perto de 40%. É só esperar para assistir Mercadante, Suplicy, Ideli Salvatti ou Sibá Machado verbalizarem na mídia, a tamanha façanha do PT e quem sabe, um deles, ser eleito presidente. O diabo é quem duvida, menos eu.

Como esquecemos muito rapidamente o que acontece neste país, vale lembrar que essa política assistencialista, defendida com unhas e dentes por Lula e seus comandados, teve início no terceiro quarto da década de 80, no governo Sarney, quando o embrião Vale-leite apareceu.

De lá pra cá, aqui no nordeste, cada dia fica mais difícil encontrar alguém que queira trabalhar, cumprindo as regras de um contrato de trabalho – mesmo com “carteira assinada”. Para constatar, basta verificar o crescimento da informalidade e o índice de desemprego.

Quando o sociólogo Betinho disse: quem tem fome tem pressa, ele quis chamar a atenção para o problema da subnutrição, que mata lentamente, mas não era intenção dele, combater a morte porque tinha pessoas morrendo de fome. Aqui, nunca fomos uma Biafra ou Serra Leoa. Aqui não se morre de fome, mesmo porque, já está se popularizando a idéia de que, indo-se para a cadeia, de fome não se morre. Daí, a banalização da violência, do crime.

Conclusão deste humilde escriba: quanto maior for a Bolsa-família, maior será a miséria, como maior será a probabilidade da perenização do populismo a La Chavez, para minha particular tristeza.

Rui Azevedo

Economista e professor - 06.07.2007

www.ruiazevedo.com

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 06/07/2007
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