Deitado eternamente em berço esplêndido.
Só que o berço é de lama.
O povo brasileiro pode ter certeza de que os atuais políticos que habitam a cúpula dos governos (todas as esferas) não possuem a mínima vontade de resolver os problemas que nos afligem há mais de 100 anos. Nem os futuros candidatos, mesmo de oposição, que praticam discursos com a mesma entonação dos seus adversários. Estes “oposicionistas”, que poderiam se transformar em líderes numa luta no sentido de recuperar nossa identidade, dignidade e liberdade, não exibem nenhum entusiasmo no desejo de empunhar esta bandeira com um mínimo de indignação e convicção. Passam o tempo se desgastando com possíveis concorrentes dentro da mesma corrente, revelando que a vaidade de cada um está acima do desejo de liderar um grupo dentro de um processo de resgate de nossa soberania. E tal cenário não tende a mudar nas próximas décadas por motivos claros, tais como:
a) os políticos que hoje contam com algum conceito, são os mesmos há mais de 30 anos. Mantiveram-se no topo em função da habilidade em não contrariarem os interesses dos grupos patrocinadores do circo da eleição, que é montado a cada ciclo.
b) Conforme a tendência e dos fracos protestos dos eleitores, mudam de partido sem nenhum temor de romper com as ideologias que juraram seguir.
c) Não desejam resolver os problemas da comunidade, pois com isto, estariam eliminando um trapolim eleitoral para o próximo pleito e uma porta que pode gerar uns trocados na conta bancária.
d) Os novos políticos que surgem, são parentes ou apadrinhados dos mais antigos e já foram doutrinados a não tentarem mudar este quadro que encobre os incompetentes. Os que realmente imaginam adotar uma postura digna a favor das maiorias oprimidas, não recebem patrocínio nas campanhas. Caso possam sustentar a luta com recursos próprios, são investigados até que se descubra que um deles, aos seis anos de idade, escondeu uma caneta de um colega na sala de aula. Em cima deste fato, alardeiam pelos jornais dominados, que ele não merece a confiança dos eleitores em potencial. Com esta pressão, os bem intencionados abandonam o ambiente sórdido e deixam o terreno livre para os abutres continuarem a carnificina ideológica, onde nós somos a suculenta carniça.
e) As entidades que outrora poderiam encabeçar uma ação cívica no sentido de protestar a favor das comunidades abandonadas, já tiveram seus postos de comandos ocupados por elementos “maleáveis”, que em troca de algumas benesses, procuram não incomodar os poderosos subornadores. Até a igreja deixou de protestar, talvez por um acordo em que conste a recuperação de algumas construções e isenção de alguns impostos. Para não deixarem de ocupar a mídia, passaram a defender os direitos dos marginais, em detrimento das famílias dos policiais sacrificados no cumprimento do dever.
f) Os suntuosos desfiles de samba, as lindas praias (mesmo infestadas de coliformes fecais) ensolaradas, os agressivos botinudos que denegriram nosso outrora elegante futebol e as novelas diárias que exibem corpos desnudos se esfregando em todos os capítulos (exaltando a troca de casais em todos momentos) são mantidos em destaque, para evitar que o povo desperte da insônia que o impede de perceber que foi explorado por tanto tempo pelos parasitas que se encastelaram no poder.
g) As escolas estão em franco processo de sucateamento, para que nossos filhos e netos não se transformem em possíveis contestadores deste sistema que massacra 98 % da população e atende aos escusos interesses de uma minoria infectada pela ganância.
A lama que nos cobre dos pés às orelhas ainda nos permite respirar com dificuldade. Resta saber se ela já endureceu a ponto de evitar que possamos elevar os braços aos céus invocando uma ajuda de outra galáxia, tendo em vista que os santos conhecidos já estão atolados com os pedidos para impedir as guerras “fabricadas” para reduzir estoques de armas com prazo de validade por vencer.
Haroldo P. Barboza – Recreação educativa (5ª. Idade e infantil)
Autor do livro: BRINQUE E CRESÇA FELIZ!