Eugenia pós-moderna
EUGENIA PÓS-MODERNA
Por Adilton Gomes Silveira
“O homem é o lobo do homem”
Thomas Hobbes, filósofo inglês.
Uma das pragas do Egito foi uma nuvem de insetos, gafanhotos, jogados contra os que se opunham à vontade do pai, o Deus de Moisés e Israel. Hoje a chicungunha é uma das pragas modernas jogadas contra a civilização brasileira pelo próprio homem, com uma ânsia em tentar ser Deus mesmo que seja com boas intenções. Mas como se diz, de boas intenções o inferno está cheio. Ao tentar fabricar uma cura biológica e sustentável, politicamente correta, o descendente do país do futuro usurpou a posição do pai celestial, criando um agente biológico que seria canibal do próprio mosquito da dengue, mas a natureza nos prova todos os dias que estamos errados, ao tentar criar uma cura para algo que estava latente há anos nos animais, que é a resistência e a adaptação a adversidades, e o Aedys Egipt se adaptou e sobreviveu, criando um mutante cujo DNA agora se prolifera a 500 ovos a ninhada, em água suja ou parada, não somente em água limpa como o mosquito da dengue.
Segundo a lei do evolucionismo a lei do mais forte de Darwin somente as criações divinas mais fortes sobreviveriam, em detrimento da mais fraca que não se adaptasse às mudanças climáticas e do evolucionismo, sendo substituída pelo mais forte. A lei do mais forte também determinou que as nações mais pobres, fracas belicamente ou incapazes de comprar vacinas seria exterminada. Segundo a teoria da conspiração essa eugenia pós-moderna seria engendrada por corporações que matariam metade da população mundial, enquanto os ricos, com condições de comprar vacinas poderosas, conservariam a vida. Porém os teóricos do caos e da luz e trevas dizem que tal evolucionismo é natural, e, portanto aceitável pelas religiões e a ciência, uma vez que desde que o primeiro homo sapiens matou o último cro magnon a terra evoluiu para melhor; hoje temos uma ciência capaz de prolongar a vida, com manipulação genética, criação de órgãos artificiais em laboratório, e as últimas guerras propiciaram a disseminação da informação em microssegundos pela internet, avanços científicos como a conquista do espaço hoje são usados em laboratórios e consultórios de dentistas, então a justificativa é esmagadora para que continuemos a devastar o ambiente.
O homem não limpa o quintal na medida em que fala mal do próximo, porém será que seria suficiente? A televisão serve para entretenimento, mas a que custo? Ela forma as mentes, compra consciências, dissemina valores, os deforma e informa o que achar mais viável ou favorável a determinada situação ou pessoa/instituição. Segundo outra teoria da conspiração as mulheres moradoras de rua teriam a laqueadura das trompas feitas para não colocarem na rua crianças sem apoio do governo na sua criação, como no Japão ou China; seres sem estrutura familiar e que seriam pseudo-futuros marginais; a vacina da gripe exterminaria os idosos que lotam e incham a folha de pagamento do INSS, o mesmo que foi roubado em milhões de reais desviados por PC Farias, e cujo apartamento foi devassado, mas nada foi provado e o dinheiro não foi devolvido. A cultura do pão e circo, carnaval e futebol faz com que a folia reine solta em Brasília enquanto o povo se diverte nas ruas; a sexta feira é idolatrada e a segunda-feira é demonizada; as pessoas vão trabalhar contrariadas e para o bar com alegria de quem passou num vestibular ou adquiriu uma vasta posição numa empresa.
Tais cidadãos vão para as ruas extravasar, se travestir do que não são no dia a dia, usar (ou tirar) a máscara para ser o que tem vontade de ser, usam o sexo como válvula de escape de suas frustrações, esquecendo-se da AIDS e da herpes labial, pelo simples desejo de ser amado, querido, desejado; a era da ostentação é para se ostentar o corpo como forma de domínio ou de ser dominado, relações superficiais mas que perdurarão por anos através das DST’s ou de gravidez indesejada, relações tão passageiras como chuvas de verão, mas necessárias e quase obrigatórias quando se vai para a rua para brincar, incitadas pelos puxadores de blocos de rua e pelo hedonismo exacerbado.
O chicugunha suspeita-se que causa a microcefalia, a criança que nasce com a cabeça menor do que o normal. Porém será que essa doença metaforicamente não existe há muito mais tempo? Filmes de catástrofes como 2012, Apocalipse, Terremoto - A Falha de San Andreas, Independence Day, impacto profundo, twister e o impossível, falam de ameaças alienígenas e naturais; porém os que falam do que tentamos discutir no presente artigo, como Contágio, Resident Evil, Eu sou a lenda são filmes que vendem mais do que filmes sobre ações humanitárias e edificantes; o homem sempre deificou situações extremas onde a ciência e a inteligência humana os salvou do extermínio, e os heróis são os mesmos que não assinaram o protocolo de Kioto, principalmente pelo lucro da indústria automobilística e por não serem os pais da ideia.
Numa época onde era chique a pessoa vomitar sangue, por conta da tuberculose, milhares morreram por desconhecerem os sintomas de contágio, e a peste negra medieval dizimou milhares pelo mesmo motivo. Porém hoje o homem é o seu próprio lobo/agente exterminador, sabendo as causas de doenças e disseminando uma cura paliativa que na verdade é uma metáfora de si mesmo, e dos valores que se gaba em ter: sexo seguro e sem compromisso, com quem quiser e à hora que quise, prazer e hedonismo, representado pelos pecados capitais (a gula, a luxúria, a preguiça, a inveja, o ódio, a avareza e a soberba) nas festas populares, onde o povo faz sexo na avenida, sai semi nu ou nu com pintura corporal, acha lindo exibir o corpo numa festa sensual e de luxúria, e as consequências na roda vida da existência sempre são os mesmos, como acidentes de transito, intoxicação alimentar ou por excesso de bebidas e drogas, gravidez indesejada mas procurada, violência, entre outras.
A microcefalia é uma metáfora do que o mundo pós-moderno fez do homem; ele não pensa como antes, não tem direito ou necessidade de pensar já que as máquinas o fazem por ele, o medo de ficar isolado, o prazer sem limites na grande massa dos iletrados é o prazer moderno, as selfies de tragédias, fotos de pessoas necessitadas de auxílio material e até mesmo espiritual são disseminadas como pólvora. Se cada like dado nas redes sociais fosse revertido em simples centavos milhares de vidas seriam salvas a cada segundo; a vida humana se tornou um mostruário num açougue onde você usa e abusa do corpo, com escolha dos genitais ou do coração, do fígado ou do pulmão, da bebida ao ar que respiramos, da manutenção da vida ou do órgão de que precisamos...
Sou um idealista, e acredito que pensar desgasta tanto o corpo quanto a alma... Maldito o homem que vive na era da manutenção, onde tem que ajudar quem não quer ser ajudado, cujos olhos abertos estão presos a uma máquina, cujas redes sociais são determinantes de seu futuro e cuja única função é apertar uma tecla e compartilhar informações preciosas ou disseminar mentiras tidas como verdades absolutas se assinadas (mesmo que a assinatura seja falsificada) por escritores ou pensadores de respaldo; o meu medo era que a cultura inútil nos tornasse zumbis apáticos quanto aos rumos do planeta, mas somos comandados não mais pelo Grande Irmão preconizado por George Orwell, mas pelos interesses das grandes corporações. Não foram os portugueses que colonizaram o Brasil, mas os degredados, bandidos e prostitutas, inimigos políticos e personas non gratas a Portugal... Será que os ricos irão colonizar Marte, ou serão os pobres, feios, diferentes e remanescentes de Sodoma e Gomorra e do êxodo bíblico a última manifestação da eugenia do século deportar os que não aceitam a situação como está?
Malditos os pensadores e estudiosos, da era da manutenção, os contadores de histórias que são responsáveis em lembrar a humanidade de que temos a solução à nossa frente... Dos pensadores que mudaram a história e das descobertas cientificas propiciadas pelo estudo, erro e acerto, não por divulgar o que acha certo através de redes sociais... Se os idealistas se juntassem aos acabatistas, os que têm dinheiro para investir nas soluções possíveis e viáveis, esquecendo essa história de levar vantagem em tudo, em ser o pai da ideia ou em que manter a situação é insustentável, um dia deixaremos pessoas melhores para o mundo, não um mundo melhor para as pessoas.