O USO DA TECNOLOGIA, MÍDIA E O LAZER INFANTO-JUVENIL

Francisco de Paula Melo Aguiar

A nossa língua materna define o tempo que sobra do horário de trabalho e/ou do cumprimento de obrigações, aproveitável para o exercício de atividades prazerosas e/ou com lazer. É o ser licito e ou permitido, literalmente falando. O lazer pode ser ativo e ou passivo em suas atividades, inclusive crítica. Existem muitas definições de diversos pesquisadores, dentre os quais citamos que “[...] geralmente objetiva o repouso [...] a idéia de lazer remete à noção de ócio [...]” ( BARBANTI, 2003, p. 363).

O termo mídia estar relacionado diretamente aos meios usados para a comunicação da humanidade, através de algum tipo de equipamento, dentre os quais: televisão, videogame, computador, telefone, etc. sendo mediada através de equipamentos movidos por eletricidade (BETTI; PIRES, s/d).

O aparelho de televisão e bem assim a internet são consideradas mídias terciárias, uma vez que o emissor e o receptor dependem direta e indiretamente da eletricidade para poder interagir e/ou funcionar, segundo Baitello Junior (2001).

Por outro lado, a televisão, por exemplo, é chamada de babá eletrônica, uma vez que os pais vivem sempre trabalhando e ou ocupados com algum tipo de atividades diárias para financiar a manutenção da casa, motivo pelo qual jogam seus infanto-juvenis para assistir a programação da televisão, não ser não incomoda e nada reclama (CRIVELARO apud ROSENBERG, 2006).

Pesquisas mencionam que “quando as crianças norte americanas tiverem dezoito anos, terão mais tempo assistindo à televisão do que qualquer outra atividade, exceto dormir” (HUTSON et al., apud BEE, 2003, p. 456).

Os diversos tipos de mídias favorecem o sedentarismo que é a fábrica direta e indireta de obesidade infanto-juvenil na realidade do marketing, segundo estudos de COBRA (1997). O videogame passa a ser no universo infanto-juvenil o centro do lazer e entretenimento, momentaneamente a felicidade é plena para pais e filhos, uma verdadeira aventura do mundo novo que tais equipamentos oferecem, embora sem qualquer tipo de controle familiar, inclusive provocando caminhos não saudáveis para sua saúde física, psicológica e social. É o estimulo plena ao sedentarismo.

E tal ciclo vicioso próspera até na maior potencia do mundo, tendo em vista que pesquisas apontam que,

[...] nos EUA, a média de horas que uma criança em idade escolar passa em frente a um televisor é de 26 (vinte e seis) horas semanais e este estudo sugere que os hábitos alimentares infantis são influenciados pelos anúncios e comerciais que modulam preferências e hábitos por produtos anunciados, desfavorecendo a escolha por uma alimentação balanceada e variada. (BEE, 2003, p.456).

Além da vida sedentária de crianças e adolescentes através de ansiedade provocada com o uso sem limite da mídia eletrônica, existe estudos que comprovam que

“ 1(uma) grama de carboidrato ou proteína são capazes de gerar 4 (quatro) kcal e 1 (uma) grama de lipídio é capaz de gerar 9 (nove) kcal.”(BACURAU, 2001, p.127).

E sem sombra de dúvida os estudos apontam que

“os pedidos das crianças, as noções erradas sobre nutrição e o aumento do consumo calórico se mostraram ligados à publicidade na televisão” ( LINN, 2006, p. 131).

A mídia eletrônica segundo as novas tecnologias é proibida veicular publicidade de cunho discriminatório de qualquer natureza incitando e ou provocando medo, superstição e a violência, diante da falta de experiência infanto-juvenil, enquanto consumidor e em sendo assim venha prejudicar a saúde e ou a segurança, por falta de

maturidade para poder fazer criticamente o julgamento entre o que é saudável e ou não saudável nos termos da Lei Federal nº 8.078, (BRASIL, 1990).

Não são poucas as estatísticas negativas apresentadas sobre o sobrepeso e a obesidade infanto-juvenil diante da prática constante de atividades passivas, além de consumir alimentos assistindo televisão. Tal atividade inativa vem associando e influenciado os fatores que determinam o desenvolvimento excessivo do peso e ou massa corporal principalmente dos jovens de ambos os sexos. (FRUTUOSO et al, 2003, p. 257).

A internet precisa controle para que os infanto-juvenis não continuem sendo vítimas diretas e indiretas diante da falta da linguagem de indução desenvolvida principalmente para alienar pessoas se maturidade critica a respeito da publicidade nem sempre sadia. É verdade a mídia faz a cabeça e/ou a opinião dessa população diante de sua assistência informalmente falando, tudo porque

[...] através da história, a imagem corporal foi determinada por vários fatores, incluindo política e mídia. Exposição à mídia de massa (televisão, cinema, revistas e internet), é correlacionada com obesidade e imagem corporal negativa, onde pode resultar em distúrbios alimentares. (DERENNE; BERESIN; 2006, p. 257).

Isso é fato e contra fato não se tem argumento.

As novas gerações infanto-juvenis dispõem também da possibilidade de usar mídia na escola, na família e na sociedade sem provocar obesidade, desde que ponha limite em suas atitudes, conforme estudos onde:

“crianças que assistem à Vila Sésamo e outros programas educativos tem vocabulário maior e com maior prontidão que outras crianças e também costumam ser mais bondosas e prestativas”(BEE, 2003. p. 456). E também por analogia deduzimos igual comportamento diante da assistência da mídia do Sítio do Pica-pau Amarelo, inspirada na obra de Monteiro Lobato, dentre outras mídias instrutivas e de valores axiológicos. Isso é o lado bom e ou positivo infanto-juvenil em assistir filmes, novelas, seriados, etc., segundo limites estabelecimentos pela família e pela escola.

Diante da pesquisa de que uma criança com nove anos de idade que tem 28,5 Kg, venha gastar de 19,16 a 38,53 Kcal jogando videogame utilidade apenas de vinte a trinta e nove minutos durante o dia. É evidente que o gasto calórico é baixo, porém, em cinco anos, o mesmo terá 9Kg perdido, aproximadamente (WANG; PERRY, 2006, p. 414).

A mídia tem caráter educativo, pois, “o ato de assistir televisão promove mediações cognitivas – culturais, situacionais e estruturais, ligadas à intencionalidade do emissor (empresário, governo, mídia, etc) [...]” e nos informa ainda que “apesar do discurso sobre a má influência da televisão sobre as crianças e adolescência, em decorrência da elevada quantidade de informações relacionadas à violência divulgadas diariamente, a televisão é um recurso que deve ser aproveitado pela escola, pois há conteúdo educativo, bastando o professor efetuar a intervenção certa e propiciar debates e discussões efetuando uma reflexão sobre os assuntos“, segundo Gerbran (2009, p.127). A mídia é a inimiga número um dos infanto-juvenis se usada sem limites durante horas e mais horas todos os dias, o que vem se transformar em problema de saúde pública, via obesidade e seus agregados não saudáveis.

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Referências

BAITELLO JUNIOR, N. O tempo lento e o espaço nulo: mídia primária, secundária e terciária. 2001. Disponível em:

<http://www.cisc.org.br/portal/biblioteca/tempolento.pdf> . Acesso em: 10. Jan. 2016.

BARBANTI, V. J. Dicionário de Educação Física e Esporte. 2.ed. Barueri/SP: Manole, 2003.

BACURAU, R. F. Anabolizantes. In: LANCHA JUNIOR, A. H. Nutrição e metabolismo aplicados à atividade motora. São Paulo: Atheneu, 2004, p.155-180.

BARBANTI, V. J. Dicionário de Educação Física e Esporte. 2.ed. Barueri/SP: Manole, 2003.

BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Lei 8078. Brasília, 1990.

BEE, H. A criança em desenvolvimento. [Trad.: Maria Adriana Veríssimo Veronese] 9.ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.

BETTI, M.; PIRES, G. L. Mídia. s/d. Disponível em: <www2.prudente.unesp.br/area_docs/pefes/mauro_betti_artigo.pdf> . Acesso em: 15. Jan. 2016.

COBRA, M.H.N. Marketing básico: uma perspectiva brasileira. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1997.

DERENNE, J.L.; BERESIN, E.V. Body image, media, and eating disorders. Academic Psychiatric. v.30, n.3, p.257-261, 2006.

FRUTUOSO, M. F .P.; BISMARCK-NASR, E. M.; GAMBARDELLA, A. M. D. Redução do dispêndio energético e excesso de peso corporal em adolescentes. Revista de Nutrição. Campinas/SP, v.16, n.3, p.257-263, 2003.

GERBRAN, Mauricio Pessoa. Tecnologias Educacionais. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2009.

LINN, S. Crianças do consumo: a infância roubada. [Trad.: Cristina Tognelli]. São Paulo: Instituto Alana, 2006.

WANG, X.; PERRY, A.C. Metabolic and physiologic responses to video game in 7- to- 10 year-old boys. Archives of pediatrics and adolescent medicine. v.160, n.4, p.411-415, 2006

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 01/02/2016
Código do texto: T5530101
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