Utopia moderna
Atualidade, matéria em jornal:
Procura-se empresa de idéias jovens mesmo que antiga de fundação. Esta empresa deve ter administradores que usam princípios éticos e vivem na moralidade. Estar relacionada no rol daquelas que querem crescer, mesmo que ainda estejam na fase do desenvolvimento. Que seus administradores sejam capazes de reconhecer o verdadeiro valor dos que o cercam e que saibam – sempre – ouvir todos os envolvidos, sem tomar decisões unilaterais. Que a missão empresarial seja a de agregar valores a comunidade, aos clientes externos e internos, gerando lucro ao investimento feito, crescendo sempre com o apóio de todos e que as benesses advindas do sucesso sejam compartilhadas com todos, quer a natureza, quer a sociedade em si.
Agora, imaginem quantos currículos estariam a disposição desta empresa? Quantas pessoas ficariam de plantão a espera de uma oportunidade? Como seria atuar nesta organização cujos princípios estão baseados no reconhecimento do valor daqueles que a ajudam a ganhar mercado?
O próprio título já diz que é um sonho, uma utopia moderna, porque é impossível achar uma estrutura como esta. De um lado, a vontade explícita de ganhar muito; de outro, reconhecer o valor das pessoas custa muito. Sim, custa humildade e consequentemente, dinheiro, porque as pessoas precisam dele para viver e com o que insistem em pagar, mesmo com lucros exorbitantes, não está sendo suficiente devido à ganância do sistema em que vivemos.
Mais ainda, utopia moderna é atual porque se fosse à época da revolução industrial, jamais poderia expressar a vontade, quanto mais de ter reconhecimento. Hoje, com a globalização, urge qualidade e custo baixo; quanto mais lucro, melhor a vontade do investidor que prefere ter o dinheiro em suas mãos do que ver rostos felizes. Quantos investem na desgraça dos outros? Um exemplo é com a fabricação de armas, um mercado infinito e comprador.
Procura-se uma empresa de idéias jovens, mesmo que seja velha na estrutura, porque as idéias bem colocadas podem suplantar os vícios, as incertezas e o medo de mudar. A história comprova que em todas as mudanças havidas no mundo, muitos tiverem de sofrer e isto poderia ser eliminado, agora, no presente, através de ações planejadas cuidadosamente sem que cabeças sejam decepadas para a glória do crescimento.
Derrubar uma área verde para poder construir um espigão pode ajudar, em tese, a falta de moradia a uma determinada classe, ao passo que criar estrutura condizente na periferia de um grande centro, além de conservar a área verde, abriria espaço àqueles que necessitam de moradia e ao comércio em si, decorrente de ações como esta. Utopia Oscar, utopia, pois o custo desta estrutura não dará o lucro advindo da derrubada da área verde. Logo, esquecem o verde e adoram o cinza, o cimento.
Paralelamente a utopia moderna, como seriam os colaboradores destas empresas citadas na utopia moderna? Seriam pessoas aptas e comprometidas com a verdadeira causa, à missão empresarial. Estariam envolvidas diuturnamente à empresa e ao seu marketing social. Seus atos seriam classificados como atos heróicos, dignos de medalhas. Ninguém mediria esforço para a realização dos ideais e do cumprimento das metas estabelecidas. Tudo seria sincronizado; nada sobraria e nada faltaria à produção, distribuição e venda, ao verdadeiro reconhecimento aos 4 Ps do Marketing.
Deitaríamos com vontade de acordar; ao final do expediente, a tristeza já estaria sob os nossos ombros. Deixaríamos de respirar para poder estar lá e aflitos temeríamos perder o lugar, pois sempre teriam mais pessoas capazes para assumir o nosso lugar, o que nos motivaria a sempre ser melhor, mais capacitados e altamente profissionais.
Eis que acordo e vejo o quanto falta para que um sonho possa virar realidade e isto não é impossível. Está a centímetros de nossa vontade, mesmo que eu não seja um dos investidores diretos, mas indiretamente faço parte, porque somos a essência da utopia moderna. Somos o patrimônio líquido desta nova empresa, velha em nosso desejo, escondida em nosso coração. Infelizmente não nos enxergam assim e jamais somos consultados.
Oscar Schild, vendedor, gerente de vendas e escritor.
http://www.grandesvendedores.com.br