Reflexões de uma vida sedenta - parte I
Existem dois tipos de pessoas nesse mundo: as que ficam na frente de uma câmera e as que ficam atrás dela. O sentido da vida é descobrir a qual grupo você pertence. E o maior erro é querer estar no lado errado. A mídia, o entretenimento, a publicidade e o marketing vendem a felicidade de um só tipo, terá gozo os que vivem pelos holofotes. Da Disney à Hollywood, do jardim de infância à faculdade, se prega o culto do "ser popular". Para comercializar bem esse mercado, eles criam a ilusão do quão glorioso é estar em frente a uma lente. Aplausos, Oscar, lindos vestidos, champanhes, tapetes vermelhos. E, no final, ainda os chamam de estrelas. Ou seja, aqueles que brilham, que estão acima de nós. Todo o resto está abaixo e devem olhar para cima, devem se sentir inferiores se não fizerem parte desse seleto e restrito grupo. O perigo disso?
Perdermos nossa real motivação de viver em busca de algo falso. Esquecermos que nem todos de nós nascemos para o brilho e nos sentirmos tristes por isso, perdendo potência de ser ao invés de encontrarmos nossa real vocação. Bem como dizia Marc Bloch, historiador do século passado, vocação é saber que cada sábio encontra apenas uma ciência cuja prática o divirta. Descobrí-la, para dedicar-se a ela, é o que se chama propriamente vocação.