A POÉTICA DE NAURO MACHADO ( I )

Temos algumas dificuldades teóricas para escrever sobre a poesia de Nauro Machado, falecido recentemente. A primeira delas é a volumosa obra do poeta, que lemos desde que chegamos em 1976 em São Luís do Maranhão, egresso do Rio do Janeiro, onde trabalhei como jornalista e estudante de Direito, além de ex – preso político anistiado há 10 anos atrás.

A segunda relaciona-se com as ferramentas conceituais que uma análise razoável exige. Há aplicativos teóricos tradicionais e modernos para se interpretar uma escritura tecnicamente sofisticada, elaborada durante aproximadamente seis décadas de exercício de um caos poético mais organizado que conheci até hoje. O outro percalço é ter que ler novamente o vate do mundo que ele é, embora a mídia poderosa internacional e especializada não dê a Nauro Machado o tratamento que merece.

Ainda estou empreendendo uma busca entre meus livros de uma antologia que sintetize a vastidão de uma produção literária notável, rica e opulenta metaforicamente. Por isso, tenho que tomar muito cuidado para não cair numa hermenêutica imediatista e superficial.

Mas, a titulo de introdução, podemos salientar que Nauro Machado é um poeta extremamente original, em comparação com outros de gerações passadas e contemporâneas. É difícil demonstrar a superioridade estética desse monumental legado poético. Nesses tempos de internet, porém, não é impossível provar ao mundo que na ilha universal de São Luís do Maranhão nasceu e faleceu aos 80 anos de idade um ícone da poesia, sem temor de exagerar ridiculamente.

Fico, pois, dependente de ter em mãos o material produzido por ele com assombrosa genialidade. Estou convicto de que fora do Maranhão despertarei controvérsias, porque estamos mal acostumados a importar paradigmas estéticos de grandes centros culturais, mesmo com a derrubada dos muros provincianos desencadeada pela era digital, que impôs a maior e a última revolução na comunicação da história da humanidade.

samuel filho
Enviado por samuel filho em 24/12/2015
Reeditado em 26/12/2015
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