FALTA DE PAGAMENTO

Dívida não paga, ou contraída por quem não tinha a intenção de pagá-la.

Francisco de Paula Melo Aguiar

Isso é fato de que para ser um excelente profissional, bom profissional e ou fraco profissional, em qualquer área do conhecimento humano, só será possível mediante anos, meses, horas e segundos de estudos, pesquisas em fontes intermináveis para se puder chegar a algum lugar em termos conceituais e científicos capazes de enfrentar o “ramerame” dos verdadeiros e dos pseudos pesquisadores, filósofos, sociólogos, educadores, etc., que contam estórias e não pesquisam as fontes históricas e não históricas para se puder fazer história. E ou até mesmo descobrir a formula cientifica da eterna juventude e ou da eterna ignorância de si mesmo e dos valores e ou perfis morais, intelectuais, culturais e científicos alheios. Toda grande e ou pequena vitória humana tem sua origem no estudo, no planejamento e na coragem de pesquisar antes para fazer depois. Alguém já disse de que o grande mal da humanidade não está no entra pela boca e sim pelo que sai pela boca. Sempre foi assim. O ser humano é sempre imperfeito, independentemente de sua origem étnica, antropológica e social. Precisamos de tudo e dependemos de tudo, de nascer, de comer, de beber, de dormir, de acordar, de estudar, de ensinar, etc. Temos necessidades básicas iguais a todos os demais animais irracionais, apenas temos razão e por isso sabemos quando fazemos o bem e o mal em qualquer sentido da palavra. Quem quer tudo fácil demais nunca estuda antes para ser professor e ou cientista de algum tipo do saber depois da aprendizagem, inclusive deve se manter aberto as novas descobertas do conhecimento e do saber humano dos povos. E isso é melhor do dissertar sobre tema que não conhece e não sabe por existe. Copiar textos da internet de autores outros e publicar como sendo de sua autoria, além de crime nos termos da legislação brasileira, representa também uma falta de ética deslavada em querer ser o pai da criança sem o ser.

Assim sendo, em lendo o jornal, folha diária “Gazeta da Parahyba, anno 1, nº 164, página 3, editado na Parahyba do Norte, sexta feira, 23 de novembro de 1888”, portanto, há pouco mais de cinco meses da libertação dos escravos pela Princesa Isabel, em fato ocorrido em 13 de maio de 1888, sem derramamento de um pingo de sangue por parte dos patrões dos engenhos de açúcar e muito menos por parte dos escravos que foram libertados e ficaram no meio do caminho, sem lenço e sem documento, porque não tinham profissão e letramento fora do engenho, casa grande e senzala, a exemplo da obra “Casa Grande & Senzala”, do sociólogo e historiador Gilberto de Mello Freyre, escritor e historiador que dedicou-se como ao ensaísta da interpretação do Brasil, envolvendo os ângulos da sociologia, antropologia e história, dedicando-se ainda a poesia, a pintura, a escrever obras de ficção e ao jornalismos. Quando jovem teve problemas sérios com sua aprendizagem, porém, com o tempo tais dificuldades foram superadas. Assim como José Lins do Rego Cavalcanti, teve suas primeiras experiências de menino de engenho, passando temporadas em épocas de férias no Engenho São Severino do Ramo (onde milhares de pessoas fazem romaria todos os todos anos, há mais de 100 anos para pagar promessas ao mártir venerado na Capela de Nossa Senhora da Luz, encravada no engenho), no município de Paudalho, Pernambuco, pertencente aos parentes de sua genitora Francisca de Mello Freyre. Tais experiências vão servir de pano de fundo para seus escritos sobre pessoas, coisas e animais. Isso representar estudar e pesquisar para puder escrever o que viu e sentiu no meio rural e ou no meio urbano. Não o foi diferente com o paraibano Zé Lins do Rego, pois, passou sua vida de criança e de jovem atrelado e agregado ao ramerame do Engenho Corredor do seu avô materno Coronel José Paulinho Cavalcanti, cujo cenário vai aparecer em tinta e papel em suas obras literárias, a exemplo dos romances: Menino de Engenho, Fogo Morto, Usina, etc.

Em ambos escritores, poetas e historiadores diretos e indiretos da saga nordestina dos engenhos, sua história e sua gente, não encontramos, apesar de intelectuais do mesmo torrão, ainda que por analogia, denuncia e ou algo parecido com o comportamento denunciado no jornal Gazeta da Parahyba denominado de: “Apedidos”, falando sobre o “Engenho Central”, onde os cidadãos: “Antonio Gomes Cordeiro de Mello e José Joaquim dos Santos Lima por parte do commendador Philippe Binicio da Fonseca Galvão vem ainda uma vez protestar contra o gerente da Companhia do Engenho Central nesta província Dr. José Dias Maynard, como representante da mesma companhia, pela falta de pagamento das cannas fornecidas nos primeiros 30 dias, principalmente por parte do Sr. Dr. gerente tem asseverado que deixa de effectuar dito pagamento, porque teem os protestantes promovido questão comsigo. Será este facto mais um motivo para que os protestantes tomem a rezolução de aproveitar suas cannas. Parahyba 23 de novembro de 1888. Antonio Gomes Cordeiro de Mello; José Joaquim dos Santos Lima”, conforme transcrição com a ortografia da época do referido jornal, exigem a liberação do pagamento de suas canas que foram vendidas ao referido engenho central, fundado no século XIX na Várzea da Paraíba e em solo santaritense.

Segundo Galliza (1993, p. 48) “a Paraíba participou da experiência do engenho central, o qual objetivava, por iniciativa do Estado, a implantação da divisão do trabalho na agroindústria do açúcar. O plantio da cana caberia aos agricultores e o fabrico do açúcar ficaria a cargo dos industriais. Haveria, assim, um uso mais eficiente dos fatores de produção, uma vez que cada agricultor investiria seus recursos na cultura da cana e os proprietários do engenho central concentrariam seus capitais na técnica de processamento. Todavia, só o setor industrial se modernizou; o agrícola continuou utilizando os métodos rotineiros¹”. Tudo representava o avança da cultura da cana de açúcar e sua industrialização com novas tecnologias que garantia a fabricação em grande escala para atender o comércio interno e externo. É importante mencionar que o Engenho Central São João, foi fundado e construído pela Companhia de Engenhos Centras nas Províncias da Paraíba e Sergipe S.A., em 1888, no mesmo ano em que o Brasil libertava os escravos. Portanto, bem diferente do que ocorrera noutras províncias, a da Paraíba veio a ter um só engenho central e cuja sede estava sediada no Rio de Janeiro.

Na realidade o projeto do engenho central na Paraíba não deu certo, porque os senhores de engenho não aceitaram perder os lucros em parte da produção, a começar pelo cultivo e bem assim no refino do açúcar, tendo em vista que tal engenho central representava o grande latifúndio, diante das médias e pequenas plantações de cana que era enviada para a usina e ou engenho grande para ser transformada em açúcar, não obstante o prestigio das oligarquias na Varzea do Paraíba, principalmente no solo territorial do município de Santa Rita, sufocou plenamente tal tentativa, uma vez que durou poucos anos a ideia de Engenho Central entre nós, ou seja, a história registra o fim do regime imperial e os primeiros anos do regime republicano brasileiro.

Assim o inicio do processo de avançar no plantio e na fabricação de açúcar no grande engenho, nos parece algo do tipo desistir de plantar e vender cana a Companhia do Engenho Central na Província da Paraíba nas últimas décadas do século XIX, portanto, foi o predecessor das usinas de açúcar entre nós e entre outros estados do Brasil. A referida companhia comprava a cana aos senhores de engenhos da Várzea do Paraíba, dentre os quais o cidadão Antônio Gomes Cordeiro de Mello, proprietário do Engenho Capellinha e futuro primeiro Presidente do Conselho Municipal de Intendência de Santa Rita, levando-se em consideração a emancipação política advinda pelo Decreto nº 10, de 19 de março de 1890, sua instalação e posse do primeiro conselho de intendencia em 29 de março de 1890. Portanto, o calote era certo, comprava e não pagava a cana aos referidos senhores proprietários dos engenhos e representantes da oligarquia municipal santaritense. Esse também foi um dos muitos motivos do fracasso do projeto engenho central paraibano.

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¹ Cf.: Jornal Gazeta da Parahyba mencionado.

²Cf.: GALLIZA, Diana Soares de. O declínio da escravidão na Paraíba: 1850-1888. João Pessoa, Editora Universitária, 1979. (Coleção Documentos Paraibanos nº 9).

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 19/12/2015
Reeditado em 26/07/2016
Código do texto: T5485136
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