COMO DESBLOQUEAR O WHATSAPP

Nunca antes na história desse país o povo carente se viu tão tolhido de um recurso de comunicação! Até pouco tempo, escrevíamos carta (obviamente para pessoas de minha geração); e quando o advento do e-mail bateu à porta do homem, eu até pensei que empresas de correio iriam a bancarrota, mas havia um problema: - Só quem podia enviar e-mail na década de 90, era quem no mínimo tinha um PC 486, que custava, como em dias atuais, uns R$ 6.000,00; e além de ter um PC, tinha que ter linha telefônica; e ligar um PC no telefone para navegar nos mares lentos da internet, era caro e complexo.

O tempo passa, o tempo voa; e a poupança do pobre continua numa boa...! O velho 486 logo caiu em desuso, assim como as linhas telefônicas; e muito embora atualmente tenhamos internet em banda larga e PCs cada vez mais baratos (e ruins), o tal e-mail nunca foi tão amado e desejado. Posso afirmar que dos recursos simples de comunicação; e falo com propriedade, porque eu já usei até o Telex; usei Bip e Pager; nenhum deles, exceto o próprio celular, foi tão amado e desejado, quanto o WhatsApp, também conhecido por Zap Zap...

Se você tem um smartphone, que pode ser até Ching Ling; e está perto de um bom sinal de wifi, se tiver o WhatsApp instalado, você se conecta tranquilamente com qualquer pessoa do mundo. Eu não sou de usar muito o mensageiro popular, mas tenho contatos que me comunico por voz ou dados, que moram em vários países do mundo; e é o Zap que me permite tal façanha em módulo gratuito!

Ocorre que tudo que é muito popular e grátis, deixa pegadas nas sendas do crime. O sujeito mal-intencionado compra um chip de R$ 10,00 num boteco e o aloja num celular chinês de R$ 30,00; e o habilita num número de CPF qualquer. Depois ele baixa o WhatsApp de graça, cria um perfil falso e já começa a propagar todo tipo de lixo, que vai desde cenas de execuções, passando por estupros e finalmente o terror da rede: pedofilia!

Ao meu ver, a medida judicial que tirou o WhatsApp do ar por 48 horas é no mínimo, sensível e servirá para um momento de reflexão! Muitos falam que o ato foi injusto; outros falam que foi truculência do juiz; e alguns até indagam sobre a liberdade de expressão; mas ninguém se põe na pele dos ofendidos; dos pais que veem seus filhos sendo executados ou estuprados; dos filhos que recebem filmes de suas mães fazendo sexo; ou ainda, de quem vê crianças sendo usadas como objetos sexuais.

Em geral o sujeito pensa só nele; e num dia como hoje, sem WhatsApp, não vai poder partilhar um amontoado de disparates, fotos sórdidas ou frases grosseiras; ou ainda, orações criadas por gente que nem crê em Deus e pede compartilhamento e um “Amem”. As pessoas, como sempre, olham só para seus umbigos; e miséria pouca é bobagem...

E assim estamos nós, nessa nau sem comando, sem âncora e com velas furadas, onde tudo pode e nada se pune; onde a desgraça alheia é motivo de piada; e onde o encanto verdadeiro, o lícito regozijo humano é abjurado à amnésia e a irrisão!

Sinistro sois vós, lacaios do WhatsApp, que param o Brasil por dois dias seguidos; um para discutir a Fabíola e no outro, para discutirem a afonia do WhatsApp! Se o fiança dessa identidade alcançamos usurpar com firmeza, nas tetas desse Brasil em que o livre-arbítrio; provoca novas emoções; a cômoda extinção de algo simples e incompreensível: cultura e educação!

Carlos Henrique Mascarenhas Pires

CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 17/12/2015
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