OS MALES DA IMPUNIDADE

OS MALES DA IMPUNIDADE

Se nos detivermos a analisar a escalada do crime em nosso país, na certa haveremos de concluir que ela tem raízes profundas, nascidas na época da colonização, passando pelo império e exacerbando-se na república, mormente nos últimos anos, quando pulsa forte no seio da sociedade, um sentimento de que o crime banalizou-se, solapando os princípios que regem a cidadania, como ética, civilidade e moral.

Falar desses princípios parece-nos fora de moda, haja vista que negá-los tem sido a tônica política do momento. Para reforçar nossa tese, basta conferir o que disse o senador Gilvam Borges, do Amapá, segundo a reportagem da revista Veja desta semana: "Se for investigar todos os senadores a fundo e levá-los ao Conselho de Ética, não sobra um. Tem de fechar o Congresso por dois anos".

Com essas palavras, o senador presta dois bons serviços à nação: primeiro, tem a coragem de dizer (copiando o que o senador Pedro Simon já disse ) o que todo mundo já sabe e, segundo, tem a hombridade de assumir a sua condição de incluído no rol dos culpados.

Como se não bastasse a corrupção que se alastra como praga por todos os recantos do país, o senado e não somente o senador, dão-nos a sensação de vivemos numa “casa de mãe Joana” onde todo mundo faz o que quer, manda, desmanda e no dia seguinte, está tudo numa boa, esquecemos tudo de ruim que acontece naquela casa (no Brasil).

Aliás, não é somente essa declaração do senador que estarrece a nação. Na semana passada, numa das sessões plenárias, o mesmo senador declarou em bom tom, que paga 12 pensões – não se sabe se alimentícias, porém, com mais essa, o senador apresenta seu pedigree.

Voltando à questão da impunidade, imagine o prezado leitor, quanto se gasta com o aparelho policial para desvendar os crimes de suborno, corrupção, propinas e outros escândalos nacionais. A logística da Polícia Federal custa caro. Detectados os indícios, as provas, flagrantes etc., os processos seguem para a justiça pelas vias jurídicas legais. Mais um custo. Quando a prisão é autorizada por um excelentíssimo senhor juiz, mais custos para algemar os indiciados ou culpados. Preso e exposto à mídia, o delinqüente (?), dependendo do crime, é recambiado para Brasília com um aparato policial de fazer inveja à Interpol. Mais um custo. Dia seguinte, um hábeas corpus, autoriza a volta do inocente(?) para o convívio social.

Quem paga todo esse custo? Nós!

Como estamos cansados dessas chicanas jurídicas, praticadas em nome da democracia, democraticamente, perguntamos: se não é para punir, por que prender? A eficiência só faz sentido se for acompanhada da eficácia, ou seja, faz pouco sentido gastar tanto com operações policiais, sem que haja efeitos punitivos. Melhor seria seguir a sugestão copiada do senador Gilvam Rocha, para moralizar o congresso: fechá-lo por dois anos ( a sugestão não é nossa ).

Resta-nos saber o que faríamos com alguns poucos senadores, classificados pela senadora Ideli Salvatti, como arautos da moral, quando se referia ao senador Pedro Simon, quando da nomeação ( eleição para os tolos ) do senador Sibá Machado para a presidência do Conselho de Ética do senado.

No nosso entendimento, teríamos primeiro de separar o joio do trigo.

Maior que o custo financeiro da impunidade reinante, é o custo moral que nossos políticos repassam para as gerações atual e futura.

Rui Azevedo – 01.07.2007

www.ruiazevedo.com

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 01/07/2007
Reeditado em 01/07/2007
Código do texto: T547998