UM CABO DE GUERRA

É muito triste ter de admitir que o Natal Encantado da cidade de Rio Negrinho se transformou num cabo de guerra político. Este ano, por exemplo, chegou-se ao cúmulo de se retirar do nome o status de “encantado”.

Antes de a administração pública trocar de mãos em 2012, Rio Negrinho tinha conseguido criar o seu grande evento natalino. Fomos fartamente citados na mídia estadual e nacional. E nem foi por notícia ruim, ou alguma tragédia.

Quando em sã consciência empresários liberariam empregados do trabalho, para ficarem votando no concurso de “Árvore de Natal mais bonita do Brasil” no site do UOL. No fim a nossa foi vencedora. Mesmo com apenas quarenta mil habitantes.

E é claro que a nova administração não poderia simplesmente acabar com o Natal Encantado. Deveria ter coragem e machismo para fazê-lo. Como ainda está por nascer algum político com essas duas virtudes, decidiram regredir o evento para a Pré-História.

E as desculpas para que isso acontecesse? Oras as desculpas. Político inventa desculpas até para não usar papel higiênico. Altos custos. Os materiais não podiam ser reutilizados Muito blablabás. Engraçado que a um ano da eleição, foram buscar o agora “Natal de Rio Negrinho”, abandonado por três anos. Estranho, reutilizaram “aqueles materiais”.

Então o cabo de guerra politico escancarou-se nas redes sociais. Para os de um lado, tudo estava lindo e maravilhoso. Os do outro lado diziam que estava feio e ridículo. Feio e ridículo é o Natal Encantado de Rio Negrinho pertencer a partido político. Lindo e maravilhoso seria se ele fosse da cidade. Deveria ser proibido aos nossos políticos pronunciar o termo “Natal Encantado”. Eles só conhecem o desencanto.

Se Rio Negrinho quiser continuar dono do “Natal Encantado” de Santa Catarina e se apresentar para o Brasil, terá que arrebentar com urgência o cabo de guerra político. O famoso: Não vou fazer porque ele fez. Nossos vizinhos estão de olho nele. Bobeou...

Qual a solução? Uma boa ideia seria a criação de uma fundação totalmente apolítica. O nome soa sugestivo: “Fundação Natal Encantado”. Tenho certeza que toda a população apoiaria, e faria questão de ajudar no que pudesse. Isso já aconteceu antes.

Com a política abortada do processo, o cabo de guerra adquiriria outra conotação. Todos puxariam para o mesmo lado. Afinal, a árvore que ganhou o concurso de “a mais bonita”, não pertencia a nenhuma sigla partidária. Era a árvore de Rio Negrinho.

Quando o Natal Encantado surgiu mirramos um futuro turístico e demos um grande passo. Sete anos depois estamos em movimento totalmente retrógrado. Ainda nem botamos o pé no jardim de infância do turismo. Preferimos brincar de cabo de guerra.