Apologia a Desordem
Indubitavelmente, em alguns momento entramos para a história, mesmo que seja como anônimos. Mas o importante é que deveríamos nos esforçar e procurarmos entender bem esse lado. Pois sei que não é fácil compreender qual de fato é o nosso papel social, quando nos vemos diante de imputações ideológicas, manipuladas pelos meios de comunicação de massa, pelas famílias hipócritas, Estado corrupto e pelas instituições, que vendem, regem, disciplinam e nós controlam. A ponto de nos dizerem o que é certo e errado, ou estereotipar valores determinantes em nossas atitudes morais e comportamentais, em nosso trabalho, em nossas escolas, em nossa vida pessoal, enfim, em nosso dia a dia, que intrinsecamente nos permite, as vezes, ir não mais, que ir de contra a nós mesmos sem perceber.
Pensando nesse contexto, o leque de informações desfibrila num horizonte a remontar as observações inerentes ao ocorrido em cada estado, do Brasil no primeiro semestre, quando um grupo de pessoas começou a questionar o preço de passagens, em são Paulo. Pelo menos essa era a tônica da idéia inicial, que descambou pelo resto do país, como um efeito cascata, aliada a indignação do próprio povo, como a muito tempo não se via, ou pelo menos em tempos de Democracia brasileira. Diremos até, que desde a época do controle social, econômico e político pela Ditadura, abrangendo também a era Collor, embora já tenha sido mais contemporâneo.
O fato é que toda essa horda de manipulações, de idéias, de indignações norteado a orfandade do povo pelo estado, que a cada dia parece caminhar a dedos obscuros para o controle de uma ou duas facções, nos remete a reflexões pertinentes de bom gênero que estamos vivendo uma fase de transição, onde toda essa culminância gerara uma nova explosão para o bem da sociedade, por outro, mais Maquiavélico, ou mais realista é que perdemos o controle e já navegamos no caos. E se ainda há ordem, a ordem é da desordem, pela desordem, diferente do anarquismo pela Democracia.
Há muito que não sabemos escolher presidentes e as reivindicações do primeiro semestres descambaram para o assassinato, a destruição de bens públicos e privados, a exaltação do trafico, dos benefícios do crime organizado, da corrupção, da impotência da justiça, do descrédito do governo, da indiferença, da falta de identidade, do fanatismo das religiões, das músicas de vendagens, ou seja, do desamparo e da desestrutura de toda ordem dos cidadãos comuns.
Crianças, jovens e idosos perdidos sem respeito, sem empregos, sem educação, sem saúde e sem segurança, a mercê de grupos, de ideias, cujo canibalismo pelo canibalismo, é matando que se faz forte. Na ingênua percepção de que a agregação de um povo visando o bem estar é tomada de poder, não de uma nação forte.
A bem posto, observa-se mocinhas, ainda meninas, exercendo prematuramente a vocação de mãe, crianças assaltando em ônibus, jovens e velhos utilizando a moda no mesmo espaço de tempos desiguais e uma tecnologia de ponta, como celular, uma verdadeira arma, desordenadamente sendo entregue as mãos inofensivas de bebes e adolescentes, que dia a dia são vitimadas pelos ancestrais de Pedofilos e de psicopatas; bem como, pessoas sendo enganadas na internet, pessoas sendo violentadas em seus direitos dentro e fora de suas casas.
Como vimos, o Estado calou diante das vozes furiosas das pessoas contra um ou dezoito centavos de aumento. Assim, podemos tentar dizer que somos fortes, no entanto devemos ter o cuidado de não permitir a inserção de bandidos nas nossas passeatas, de não deixar cair em esquecimento as nossas reivindicações, para não incorrermos na ideologia pueril e sórdida, de fazermos o que o sistema oportunista nos induz.
Nós seremos mais se as nossas ações forem ordenadas na coerência de exigir, de participar e de cobrar resultados, fiscalizando a execução, sem ficarmos reféns de nosso marasmo ou nossa desorganização, para que no futuro não sejamos encapuzados no anarquismo desprovido de sanidade, verdadeiros amantes da banalidade ou então, torne as pessoas envoltas em medo de soltar a voz, outra vez, contra toda essa opressão.