BRASIL, COPA E ELEIÇÃO

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

O Brasil encarna o sensível e o emocional como raras culturas no mundo. Não me restrinjo a pensar na festa, no carnaval e no futebol como expressão disso. Refiro-me a uma atitude cotidiana, a um imaginário em que a emoção serve de resistência à adversidade. É a revolta da orgia: o sensível como forma superior de sobrevivência.

Michel Maffesoli

Em 2014 o Brasil sediou a Copa do Mundo, gastou o que bem entendeu, sem fazer qualquer tipo de licitação, os estágios de futebol foram construídos e ficaram sendo chamados de Arena(s). Não faltou dinheiro público gasto a fole e ainda perdemos a referida disputa para a Alemanha de sete a um no dia 14 de julho de 2014. Registramos também o acidente aéreo que matou o candidato à presidência da República Eduardo Campos/PSB, no dia 13 de agosto de 2014, em Santos, Estado de São Paulo, além dos tripulantes/pilotos: Geraldo Magela Barbosa da Cunha e Marcos Martins; e quatro passageiros: Alexandre Severo e Silva (fotógrafo); Carlos Augusto Leal Filho; Pedro Valadares Neto e Marcelo de Oliveira Lira, assessores do referido candidato. A esquerda irresponsável insuflou sua gente a cometer os arrastões nas principais capitais, dentre as quais Rio de Janeiro e São Paulo. Apareceram os rolezinhos em ambientes públicos e privados formados por menores, quebrando tudo que encontrava pela frente, em total desrespeito a legislação do menor brasileiro e da própria ordem pública em geral, foram muitos os confrontos antes do período eleitoral. Diante de tais ocorrências e mais o discurso político de acusações mútuas, no dia 05 de outubro de 2014, foi realizado o primeiro turno das eleições para os cargos de presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. A campanha presidencial ficou fragmentada diante da saída indesejada do candidato Eduardo Campos. No primeiro turno o eleitorado escolheu os dois finalistas: Dilma Rousseff /PTe Aécio Neves/PSDB.

É importante registrar a participação do paraibano Leonardo Gadelha como candidato a vice presidente da República na chapa do presidenciável Pastor Everaldo, do PSC, primeiro turno.

Sabiamente o eleitorado apenas decidiu os dois nomes que deveriam ir para o segundo turno em 26 de outubro de 2014. Assim sendo, a campanha eleitoral do segundo turno presidencial se desenvolveu envolvendo debates, entrevistas, comícios, etc., em rádio, televisão, nas redes sociais, carros de som, etc., levando-se em consideração de que a política é um negócio como outro qualquer, inclusive corrobora com tal pensamento, Kotler (1998), quando menciona que o marketing é a técnica de gestão que conduz e ou leva os negócios para atingir padrão objetivo. É uma visão mercantilista visando vender serviços e ou produtos, assim sendo as novas tecnologias da comunicação são ferramentas imprescindíveis para todo e qualquer negócio, inclusive para a atividade política partidária. É o que deduzimos, inclusive em termos de relações sociais, comerciais, políticas e religiosas. Todos anunciam porque querem vender seus produtos e ou serviços. Das urnas saíram os resultados finais, sendo reeleita a presidenta Dilma Rousseff/PT, fruto da propaganda oficial positiva, vitória nascida das mãos da classe operária e dos assistidos dos programas sociais assistencialistas: minha casa, minha vida; bolsa escola; cotas; prouni, fies, etc.

Diante do contexto da historicidade eleitoral para qualquer cargo político em qualquer parte do mundo, se observa que o candidato, ainda que por analogia, é semelhante a um produto colocado a venda, tendo em vista os inúmeros clientes e/ou eleitores, segundo nos informa Scotto (2003). Então é necessário que se faça em grande escala a mídia do candidato, via o markenting, usando as novas tecnologias, para despertar o interesse dos clientes e ou eleitores visando o sucesso e ou a vitória daquele produto e ou candidato. Tem que haver divulgação do candidato e do seu perfil, pois, aquele negócio pronto e acabado de se votar em um candidato por pertencer a essa e ou aquela ideologia, já não tem grande aceitação tendo em vista as necessidades básicas do eleitorado, do tipo políticas públicas de cunho coletivo. Não é por acaso que em todo tipo de campanha política, comercial, empresarial, social, etc., aparece a figura do marqueteiro e ou seja, aquele que vai ser o responsável pelo planejamento e divulgação na pequena e grande mídia daquele produto, candidato e ou serviço. Assim sendo, é importante conhecer o pensamento de Kotler e Keller (2006, p. 183-184), a respeito da administração de markenting, ao considerar três teorias motivacionais em seus estudos. Vejamos tais teorias: a) teoria da motivação de Herzberg, onde envolve os fatores que levam a insatisfação (identificar para evitar o que leva a insatisfação) e a satisfação (para identificar o que leva a satisfação; b) teoria da motivação de Freud, onde as forças psicológicas moldam inconscientemente o comportamento das pessoas, como por exemplo, o fato de uma pessoa chupar charuto, aversão adulta de chupar dedo e ou algo semelhante, dentre outras hipóteses; c) teoria da motivação de Maslow, onde as necessidades pessoais são organizadas hierarquicamente e/ou seja o que é mais urgente e o que é menos urgente. E o disse me disse cumpriu o calendário eleitoral em 2014, apesar da “enrolação”, da “enganação” e ou do disse me disse dos candidatos, segundo o imaginário popular, e por analogia, citado como “tal produto não presta é só marketing”, e ou “o candidato tal é fruto do marketing”, conforme Zela (2002, p.1). A publicidade brasileira de produtos e serviços é criativa, além de ser considerada como uma das melhores do mundo, segundo Cobra (2003). O marketing é aplicado praticamente em todos os setores, dentre os quais no setor político, levando-se em consideração a própria história da propaganda. E é com essa “propaganda” oficial do palácio presidencial e a oficiosa dos partidos políticos da “situação” e da “oposição” que nós brasileiros temos que nos comportar como cego em tiroteio diante da evolução sem controle da corrupção envolvendo o enriquecimento dos corruptos e o empobrecimento da classe trabalhadora.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 16/11/2015
Reeditado em 17/11/2015
Código do texto: T5451009
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