OS OPORTUNISTAS
Quando lia ou assistia reportagens sobre jovens que aderiram ao Estado Islâmico, e foram muitas, ficava me perguntando que poder tinham essas lavagens cerebrais.
Parte da minha pergunta foi respondida com os ataques a Paris na última semana. Depois que as televisões promoveram uma espécie de lavagem cerebral começando pela Europa, passando pelas Américas e chegando a Austrália, percebi que não é tão difícil.
De repente, o Ocidente pintou-se com as cores da França. Dos monumentos dos países, as caras dos perfis nas redes sociais, todos faziam questão de estar do lado do bem contra o mal. Como se isso fosse possível.
A conotação de confronto entre barbárie e civilidade mostra que quando queremos, ou nos fazem querer, deixamos aflorar uma ingenuidade quase infantil. Somos transformados em peões, num mundo dominado por oportunistas. Quando a oportunidade aparece, eles matam e ferem com as armas que dispõe.
Para entender melhor os ataques a Paris, e o crescimento do Estado Islâmico, é preciso um olhar mais abrangente sobre a geopolítica do Oriente Médio. Grupos que se proliferam alimentados pelo ódio só nascem em lugares devastados e depois esquecidos.
Nas últimas décadas, o Ocidente operou para a criação de lugares assim como um especialista. Muitos já se perguntam o que é pior: Bashar al-Assad governando a Síria, ou o Estado Islâmico tomando 30% do seu território?
Em resumo, o Estado Islâmico é um subproduto criado pela tão decantada “Primavera Árabe”, celebrada e financiada pelo Ocidente. De novo os oportunistas apareceram.
Por falar em financiamento, quem financia as operações do Estado Islâmico? Um ataque minucioso a Paris, certamente não se faz com uma nota de cem Euros. Quem está vendendo armas para eles? De que países é a origem desse armamento?
Já se sabe que metade dos terroristas tinha a nacionalidade francesa. O que quando a comoção passar trará a luz dos acontecimentos perguntas ainda mais interessantes. As armas usadas com certeza eram da França. Nenhum AK-47 faz turismo por Paris.
Agora bombas voltarão a cair sobre o Oriente Médio. Dezenas de inocentes morrerão. Pena que nenhuma televisão do Ocidente fará cobertura ao vivo. Como disse um amigo: “Paris tem mais glamour”.
O filme “A soma de Todos os Medos” mostra bem esse aspecto de oportunidades e oportunistas. Aos que pintaram a cara fica a dica para assisti-lo. Depois filosofar. Se não existissem ingênuos, não existiriam os oportunistas.