Os Celtas na Península Ibérica

INTRODUÇÃO

Comentamos no primeiro artigo dessa série, “Iberos, Nativos da Península Ibérica” que, no ano de 2013, nosso trabalho se voltou para as influências de nossa matriz indígena na cultura do povo brasileiro, ainda em formação.

Acrescentamos que, para o entendimento de nossa etnia, temos que garimpar sobre nossa matriz indígena, o colonizador português, e o escravo africano, as três etnias básicas componentes de nossa formação primeira.

Assim, nosso trabalho, que estamos iniciando em 2014 e que pretende entender as duas outras contribuições, para nossa etnia em formação, iniciaria pelas influencias do colonizador português e, o primeiro questionamento surgido foi: quem eram os colonizadores portugueses?

Como o artigo ficaria muito extenso dividimos essa primeira parte de nosso trabalho em: Os Iberos, Nativos da Península Ibérica; já realizado;

Os Celtas na Península Ibérica; objeto desse artigo;

Os Romanos na Península Ibérica;

Os Germânicos na Península Ibérica;

Os Mouros na Península Ibérica; e

Colonizadores Portugueses.

CELTÍBEROS, ORIGEM ÉTNICA PORTUGUESA

Os celtas foram um grupo de povos organizados em múltiplas tribos e pertencentes à família linguística indo-europeia. As tribos célticas ocuparam a maior parte do continente europeu, desde a Península Ibérica até a Anatólia, parte ocidental da Ásia, correspondente hoje à Turquia.

As invasões celtas datam de V e IV a. C. e do encontro dos invasores celtas com os nativos iberos, originaram-se os chamados Celtiberos, que poderia ser considerada a origem étnica do povo português.

Provavelmente celtas e iberos eram de mesma raça e em vez de guerrearem, resolveram fundir-se num só povo.

Os hábitos religiosos eram idênticos, embora iberos preferissem sepultar seus mortos e os celtas cremá-los.

Os celtiberos, resultado da junção da cultura do povo celta e do povo nativo da Península Ibérica são representados, mais significativamente, pelos lusitanos, os Galaicos ou Gallaeci e os Cónios. Muitos especialistas no assunto consideram os Lusitanos como os antecessores dos portugueses.

ECONOMIA CELTA

A economia celta baseava-se na agricultura de subsistência. Era o excedente da produção agrícola dos camponeses, entregue como impostos ou rendas, que no fundo mantinha o chefe, a sua elite guerreira e os artífices.

A natureza exata do tipo de agricultura variava de acordo com o meio ambiente. No Norte da Gália, na Espanha e no Sul da Gália, predominava uma economia de agricultura baseada nos cereais, oliveiras e vinhas.

Os cereais mais cultivados eram: variedades de trigo, cevada, aveia, feijão, ervilha e lentilha. Além disso, cultivavam o linho para a produção de panos.

Em termos tecnológicos, os celtas s não podem ser considerados atrasados. Usavam arados com partes em ferro e relhas, que conseguiam trabalhar os solos mais duros de modo eficiente.

As ovelhas eram criadas pela sua lã e leite e os porcos pela sua carne. A criação de cavalos destinava-se principalmente à guerra, sendo o gado a mais importante força animal.

A maior parte das famílias de camponeses celtas era autossuficiente em relação às necessidades básicas: comida, roupas e utensílios, principalmente de cerâmica.

O principal estímulo para o comércio vinha da elite celta, devido às suas necessidades de ostentação de materiais ricos, como joias e boas armas, e de consumo visível de supérfluos, especialmente o vinho do Mediterrâneo.

Então, a função do comercio era essencialmente social. O mais provável e que a importação para esse consumo fosse paga, essencialmente, por produtos agrícolas, como cereais, peles e carne salgada.

PRESENÇA CELTA EM PORTUGAL

REGIÕES

Em Portugal, as regiões onde se percebe a presença celta são o Norte, antiga Gallaecia Bracarense e o Noroeste. Para outros, ainda, acrescentam: o Sul, no Alentejo, e no Algarve, Mas. como a presença e identidade celta foi destruída sistematicamente, se torna cada vez mais difícil encontrá-la.

O povo português guarda traços e vestígios dessa presença céltica.

PRESENÇA NA LÍNGUA PORTUGUESA

A influência celta na língua portuguesa tem presença no campo fonético e na Toponímia. Esta última, nomes de lugares, sempre tem a presença dos nativos, dos que deram origem ao povo. Como foram os primeiros, não poderia ser diferente, tiveram o privilégio de dar nomes ás localidades e elementos geográficos identificados.

São exemplos no campo fonético: touca; louça; brio; caminho; légua; dólmen...

São exemplos de nomes com origem celta, entre outros os derivados de “brig” e os com sufixo “briga”:

- localidades: Bracara (atual Braga); Brigãncia (atual Bragança); Malateca; Terena; Merebriga; Tameobriga; Turolobriga...

- rios: Ardila; Durius (atual Rio Douro); Tamaca (atual Rio Tâmega) ...

VESTÍGIOS CÉLTICOS

Construções, Ruínas e Restos Arqueológicos

Outros vestígios dos celtas podem ser encontrados na Serra d’Opa, fronteira entre Beira Alta e Beira Baixa. Encontram-se vestígios de vários castros celtas, ao longo dessa serra.

Castros são ruínas, ou restos arqueológicos tipo de povoado da Idade do Cobre e da Idade do Ferro, característico das montanhas do noroeste da Península Ibérica.

Vestígios celtas na Serra d’Opa: Sortelha Velha encontra-se a oeste. Ainda estão visíveis os seus restos; Enferrujados e Vendas dos Vinhos; Santuário da Senhora da Póvoa; Zona do Peão, junto aonde existia a fonte do Piolho; e no Cerca, junto à penha da serra, onde se encontra o talefe (marco geodésico instalado em cima dum monte).

Além desses, alguns monumentos megalíticos são encontrados nesta Serra, conhecidos pelo nome de Antas, embora nesta região lhes chamem Mouras, Mamoas e Orcas

O exemplo, talvez o mais notório da sua presença seja a Citânia de Briteiros, misteriosa cidadela de pedra com cerca de 200 casas, cisternas subterrâneas e condutos de água, localizada perto de Guimarães no norte do país.

Artesanato, Música, Tradições

Encontramos afirmativas sobre a existência de características culturais e folclóricas idênticas às dos povos ditos celtas.

No artesanato temas e motivos ornamentais que, supostamente, foram sendo atribuídos aos Celtas, como: tríceles (símbolo formado por três espirais entrelaçadas, ou por três pernas humanas flexionadas, ou por qualquer desenho similar, que contenha a ideia de simetria rotacional); suásticas; encordoados; trançados; e estátuas.

Tradições, música e outras marcas celtas existentes no Norte de Portugal foram desaparecendo com o tempo. Hoje, o Norte abandonou a músicas com forte influência celta, para reconhecer o Fado como sua musica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Então, pelo exposto no artigo anterior “Iberos, Nativos na Península Ibérica” e neste, podemos concluir que a matriz étnica foi os Iberos, mas a origem étnica do povo português foi os povos conhecidos como celtiberos.

Diferente do caso brasileiro, no qual, portugueses e indígenas apresentavam diferenças muito significativas, celtas e iberos eram povos bastante semelhantes.

FONTES:

bibesjcp.no.sapo.pt;

conversamos.wordpress.com;

historia.templodeapolo.net

lancia.com.sapo.pt;

pt. wikipedia.org; e

wikipedia.org.

J Coelho
Enviado por J Coelho em 27/10/2015
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