RANCOR, MALES E CONSEQÜÊNCIAS.

O RANCOR, MALES E CONSEQÜÊNCIAS.

Entre os significados de RANCOR, dois se destacam por sua origem seminal:

- Rancor, vindo de RACUNE, é o gerado por uma vingança reprimida, que ficou rancorosa: queremos mal a alguém pelo mal que nos fez, do qual guardamos a lembrança, que resulta em um ódio sempre presente, por um sofrimento passado e porque, concretamente, o mal que nos feito nos envenena por longo tempo, somente se desfazendo pelo PERDÃO, seguido de RECONCILIAÇÃO efetiva.

- Rancor, vindo de RANCOEUR, que é o rancor invejoso e ressentido por um bem que, por nós desejado, não nos foi feito por quem nós imaginávamos e queríamos, e fortemente ansiávamos que deveria ter vindo.

Um outro significado de rancor é o que nos vem do Latim RANCORE, que traduzimos por ódio oculto e profundo, um ressentimento gerado por um fato muito forte, com ou sem origem definida ou sem conexão com a causa primária, que pode estar calcada em razão fática, real e concreta, OU APENAS IMAGINÁRIAMENTE.

Se esse rancor real sentido e cultivado pelo ofendido é gerado por um fato-verdade transformador, fatalmente resulta em um efetivo rancor.

Mas, se o rancor brota de um fato apenas imaginário, solto, vago e nunca comprovável ou razoável, é, na real verdade, apenas um triste e bem pesado RANCOEUR, formatado, desejado e querido, que nunca nos foi feito por quem quase loucamente queríamos ou achávamos que essa pessoa tinha a absoluta e incontestável obrigação de nos fazer, de logo e completamente.

E é esse contexto o caldeador fatal do venenoso e autocriminoso mal, rancoroso e letal, que, como um bumerangue, se volta violenta e avassaladoramente contra um vago “pseudo ofendido”; contra um aloprado, que apenas se imagina ter sido ou estar sendo ofendido. E assim, imaginariamente doente de um avoante rancor, força sua entrada no universo dos doentes, tolamente, imaturamente, irrefletidamente, sem nenhuma razão ou justificativa, rancor este que somente é percebível pelos falsos e exclusivos sentidos desse próprio e fantamasgórico rancor, somente existente no mundo do faz-de-conta.

E é mais triste e profundamente lamentável, quando esse forçado ofendido por esta sombra falsa de rancor não consegue esquecer esta sua doentia ilusão e, menos ainda, se perdoar ou sequer se autodesculpar, por um singular momento.

E, fatalmente, se transforma, talvez por eterno, em um dos mais inúteis tipos de idiota.

É bom parar ou pausar por um instante para refletir, mudar e voltar a ser gente normal.

Fontes de pesquisa:

Dicionário Filosófico de Andre Comte-Sponville, Martins Editora, Primeira Edição, 2003, e Dicionário Mirador Internacional, Edição 1980.