Balanço Social

Balanço Social

No Brasil prevalece ainda a idéia de que a responsabilidade social deve nortear apenas os negócios das grandes corporações. Grande parte dos administradores de médias e pequenas empresas cultua apenas o lucro como foco principal de seus negócios. Pela má formação, talvez, ou pelo limitado acervo de informação a respeito do que a tecnologia da informação tem proporcionado a respeito dos ditames de uma boa governança corporativa.

As duas últimas décadas do século passado foram recheadas de inovações que motivaram a mudança dos rumos da cultura organizacional das empresas. A partir de uma experiência francesa – lá a publicação do Balanço Social é obrigatória para todas as empresas com mais de 750 funcionários, o Brasil encetou os primeiros passos, tendo o Betinho como difusor nacional, não do balanço, mas da necessidade de as empresas internalizarem a responsabilidade social, como meta, como bandeira.

O objetivo central do Balanço Social não é somente mostrar para a sociedade o que a empresa implementou em ações que beneficiaram a comunidade, mas também, tornar público, quanto foi pago de impostos, contribuições e taxas, além de outros indicadores de relevância interna e externa.

Se para uma pequena empresa é oneroso divulgar pela mídia os resultados socialmente relevantes, as diversas associações de classes, os sindicatos patronais, federações etc., podem e até nos arriscaríamos a dizer, devem “mostrar suas caras” para o mercado, suas ações que contemplam projetos sociais. Tal procedimento implica numa correção de rumos estratégicos e na internalização de uma nova mentalidade administrativa, cujos resultados trarão retornos financeiros significativos, haja vista ser essa nova visão, um tópico especial na difusão de uma cultura corporativa de vanguarda.

Nas assembléias classistas os pequenos empresários precisam sair da zona de conforto que, presumivelmente, muitos ainda estão e abraçar a idéia de que, o tão almejado desenvolvimento do Brasil, não será possível enquanto persistir o dilaceramento do tecido social provocado pela exclusão nos seus mais diversos matizes.

No ambiente acadêmico essa idéia toma corpo e as levas futuras de profissionais da administração, irão interagir no mercado pungidos pela vontade de ressignificar o Brasil. Aos poucos, nossa juventude universitária está absorvendo os conceitos multidisciplinares, livres do mecanicismo pedagógico tradicional utilizado ainda por muitos professores, mas que, sem choques, alguns outros, estão difundindo a adoção novos paradigmas administrativos, calcados no desejo de impulsionar um pensamento crítico capaz de modificar o que está posto.

Para nós, professores que defendem com ardor a difusão e adoção pelas empresas da Responsabilidade Social, será prazeroso testemunhar num futuro não muito distante, nossos alunos e futuros dirigentes empresariais, divulgarem através de panfletos, mala-direta ou pela mídia, os resultados da ação cidadã que implementaram à frente de suas empresas. É uma tarefa difícil, mas é um desafio que insistiremos em fomentá-lo. Será também a nossa contribuição para mitigar as desigualdades sociais da pátria amada, Brasil.

Rui Araújo de Azevedo

Economista e professor.

www.ruiazevedo.com

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 26/06/2007
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