Kardec e a Qualidade Total.

Allan Kardec sempre acordou muito cedo. Por volta das 4:30 da manhã, fizesse frio ou calor, o codificador já estava desperto, pronto ao trabalho. Nas horas de folga, o inesquecível interprete da espiritualidade viajava por França e Bélgica, visando divulgar o espiritismo. Os Espíritos amigos, preocupados com o ritmo exaustivo de sua rotina, advertiam-no a fim de que não exagerasse na carga dos trabalhos.

E o espiritismo nasceu assim, em ritmo de intenso labor por parte de Kardec, que pensava e agia em prol do bem coletivo, com o objetivo de elevar o padrão moral dos homens, revivendo a moral do Cristo como máxima incontestável de harmonia entre as criaturas. E para reviver a moral do Cristo com a Qualidade Total que ela merece, imprescindível: pensar e agir.

Por isso o codificador não mediu esforços para que o espiritismo se equilibrasse na balança do cérebro e do coração, do pensamento e da ação.

O corpo doutrinário a trazer esclarecimento representa o cérebro, a parte pensante. E a elevação moral, a vivência do evangelho, que é filha do esclarecimento, representa o coração, o sentimento e a ação contundente, que se revertem em Qualidade Total no serviço ao Bem.

E eis que diante da lição de Kardec, de seu profundo esforço, nos vemos convidados a refletir:

Sou um espírita que apenas pensa, maravilhando-se com as lições filosóficas da doutrina?

Ou:

Sou um espírita que pensa e age, que faz a filosofia espírita sair do cérebro e desembocar no coração, repercutindo-se em ação a beneficiar corações massacrados pelos embates da existência?

Será que o esforço de Kardec, sua intensa labuta, foi para que a Doutrina dos Espíritos ficasse grafada apenas em livros, refletindo sua beleza teórica? Não, o esforço de Kardec foi para que o espiritismo causasse uma revolução interior, começando com o raciocínio e alcançando o coração. O esforço de Kardec foi para que o espiritismo alcançasse a excelência da Qualidade Total.

E Qualidade Total se faz com os dois lados dessa moeda:

Cérebro e Coração, pensamento e ação.

Contudo, se exercito apenas um lado desse vértice, compromete-se a eficácia, portanto, não há Qualidade Total.

Se apenas penso, fico preso ao campo da teoria.

Se ajo sem pensar, corro o risco de me precipitar.

Kardec pensava e agia, discernia e trabalhava. Buscava a Qualidade Total em suas realizações.

Arregaçava as mangas e prosseguia. Mesmo diante de agressões e acusações cruéis, não esmorecia.

Acordava todos os dias às 4:30, pensava, trabalhava, agia, buscando a Qualidade Total. Pensamento e ação, cérebro e coração...

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 26/06/2007
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