Mens sana in corpore sano
Do mundo moderno marcado pelo consumismo exacerbado, deriva-se uma prática globalizada: um verdadeiro culto ao corpo, não só exageradamente manipulado pelos exercícios físicos nos sofisticados aparelhos de ginástica distribuídos nas academias de grife, e não tão de grife, mas também pelos bisturis de renomados, e não renomados, cirurgiões plásticos espalhados pelas clínicas de alto padrão e nas chamadas fundo de quintal Brasil e mundo afora. O problema é que essa preocupação hedonista não segue na mesma intensidade dos cuidados com a mente, essencial para a manutenção da vida e seus matizes. Nunca a corporificação da citação latina “mens sana in corpore sano” (mente sã num corpo são) tornou-se tão necessária quanto “nestes tempos de cólera”, pois cuidar da mente também é preciso.
É visível nas sociedades, sobretudo cosmopolitas, o desequilíbrio entre o corpo e a mente. Quando não é o próprio corpo que padece pela inércia, ou pelas intervenções físicas anormais, é a mente que sofre vitimada pelo estresse, ansiedade, pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, bipolaridade, transtorno do déficit de atenção e a terrível depressão; transtornos que nem sempre oferecem um final feliz a quem os adquire.
Acredito que cada um de nós tenhamos entranhadas as gênesis desses males da mente, contudo essa mesma crença passa pelo controle consciente destas a partir de práticas que mantenham em sintonia, ou equilíbrio, mente e corpo. A linha entre a sanidade e a insanidade é muito tênue, conforme me disse anos atrás em sala de aula uma professora de psicologia, daí a necessidade, lembrava ela, da busca por esse equilíbrio.
Não há dúvidas de que para se conquistar uma boa saúde, cuidar do corpo com atividades físicas, e uma boa alimentação são essenciais, mas não se deve, de forma alguma, desprezar os cuidados com a saúde mental. Essa, acredito, deve ser uma busca consciente e permanente de nós que habitamos esse mundo globalizado e tão conturbado.
Há um entendimento pacífico dos estudiosos que “como qualquer máquina ou músculo, o cérebro precisa de cuidados para funcionar corretamente”.
A maturidade me ensinou que ao adquirir essa consciência fica mais fácil cuidar melhor do cérebro e assim iniciar a buscar o tão almejado equilíbrio que, além de fazer bem para a saúde, é um forte auxiliar na construção de relações interpessoais mais saudáveis.
Especialistas como Bokkulla Ramachandra Reddy, recomenda que dediquemos alguns minutos da manhã à mente.
A dedicação a esse poderoso instrumento pode se acrescentar orações solitárias ou em grupos, meditações, mentalizações, sessões de relaxamento ou outras práticas que estimulem de forma saudável nosso cérebro e consequentemente melhore nosso bem estar e a relação com o mundo.
Zelar do corpo, portanto, é fundamental; conjugado com os cuidados com a mente, é muito melhor.