Empreendedor!
... os empreendedores são pessoas motivadas pela busca da realização pessoal e por isso, procuram agir frente às dificuldades, não ficando satisfeitas em manter o status atual... definem novos padrões de serviços, implementam novas organizações, oferecem novos produtos... (McClelland, 1972 e Schumpeter, 1959).
Domingo de páscoa, almocei com um empreendedor nato. Ele sente uma oportunidade e já coloca a cabeça a funcionar, calculando e medindo as opções para determinar a validade ou não do novo empreendimento. Ou seja, ele sabe perceber o cenário, sabe arriscar, mas também sabe calcular os riscos deste novo empreendimento.
Um detalhe importante é que não “se mete” em ambientes que não conhece sem antes estar cercado de todas as informações e de pessoas que lhe poderão ajudar e assessorar.
Para sabermos quem é um empreendedor, devemos analisar os comportamentos empreendedores. São diversos os autores, mas resumo, da apostila de Marketing Pessoal – Características de Comportamento Empreendedor (CEE) –, que foi elaborada pelo professor José Elmar Feger, da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC). As CEE 1 foram identificadas através de pesquisa realizada por David McClelland, pesquisador de Harvard (EUA).
Esta pesquisa determinou que através das CEE podemos identificar se uma pessoa age como empreendedora e quais as características de comportamento são mais utilizadas. Com isto é possível treinar a prática das CEE que não são utilizadas. Entendo aqui que é possível – também – formar um empreendedor e melhorar as qualidades daqueles considerados natos.
Diz à pesquisa que é impossível que um empreendedor tenha todas as características ou apresente todas ao mesmo tempo, porque isto depende do tipo de atividade que desenvolve e do ambiente (cenário) em que atua.
Características do Comportamento do Empreendedor (CEE):
- Busca de oportunidade e iniciativa: sempre identificando novas oportunidades e fazer sem ser solicitado ou pelas circunstâncias. Por exemplo, abrir novos pontos de vendas.
- Persistência: não desistir diante de obstáculos, mudando de estratégia, assumindo responsabilidade pessoal com grande empenho. Por exemplo, falta de fornecedores para a abertura de novos pontos de vendas. Não espera sentado; vai atrás deles.
- Comprometimento: fazer esforço extraordinário e até sacrifício pessoal, ajudando outros à conclusão das tarefas. Usar, muitas vezes, o tempo de lazer para a nova atividade.
- Exigência de qualidade e eficiência: sempre encontra formas de fazer melhor, mais rápido e com custo menor, procurando sempre superar os padrões definidos ou pré-estabelecidos. É como o processo KAIZEN (Japão): fazer o melhor possível com os recursos disponíveis.
- Aceitar correr riscos calculados: avaliar as alternativas, calculando os possíveis riscos; quando é possível interferir nos resultados, coloca-se em situações que implicam desafios ou riscos moderados. Mas somente correm riscos se tiverem condições de obter resultados.
- Estabelecimento de metas: tem sempre metas desafiantes e com significado pessoal. Identificam seus planos com detalhes e a realização dos mesmos dá-lhes o sentimento de realização. São metas realistas e alcançáveis, mesmo com elevado grau de esforço e nunca imediatistas.
- Busca de informações: não sabendo, procuram pessoalmente as informações necessárias ao novo empreendimento, consultando pessoas que sabem mais do que eles.
- Planejamento e monitoramento sistemático: toda atividade a ser feita, além de bem planejada, é dividida em partes, mas sempre com prazos definidos à realização das mesmas, acompanhando sempre todas as etapas, revisando o planejamento e tendo registro financeiro, com os quais tomam as decisões durante e após cada etapa.
- Manutenção da rede de contatos e capacidade de persuasão: sempre encontram formas de fazer novos relacionamentos, novas amizades. Quando necessário, se utilizam das mesmas, solicitando auxílio. Para conseguir este auxílio desenvolvem capacidade de negociação e persuasão.
- Independência e autoconfiança: pessoas firmes em suas decisões, mesmo diante de oposições ou de resultados negativos iniciais. São autônomos em relação a normas e procedimentos, mas não são teimosos, mudando de opinião caso sejam convencidos. Em muitas empresas podemos encontrar intra-empreendedores e estes, sendo sufocados pela direção, que além de determinar ações que podem não levar ao sucesso ou ter um sucesso razoável, partem para outras empresas ou criam seus próprios negócios.
Em marketing, utilizamos a matriz FOFA (fortalezas e oportunidades; fraquezas e ameaças) para um planejamento estratégico. Um empreendedor vê à sua frente primeiramente o ambiente externo: oportunidades e as ameaças que terá para fazer um novo empreendimento. Exemplo de oportunidades pode ser dado como no sucesso de uma loja, alavanca a abertura de filiais. Já em ameaças, as filiais já estabelecidas pela concorrência. O ambiente interno tem as fortalezas e neste caso, pelo elevado conhecimento que o empreendedor tem sobre o assunto em questão e, como fraquezas, a falta de pessoas competentes para a implantação destas filiais.
Na vida pessoal também encontramos empreendedores, os quais detêm o mesmo perfil acima. Casar, ter filhos e manter uma família, sem um planejamento e mudanças radicais das estratégias durante o desenrolar da vida não é mais possível e sucumbem as pessoas aos primeiros obstáculos, terminando com a família ou criando diversas dificuldades ao prosseguimento da mesma. Exemplo disso é ter muitos filhos e não planejar uma poupança para a educação superior, entre outros projetos como saúde, etc.
1 CEE é a reunião dos traços de personalidade mais presentes nos empreendedores. OLÍVIO, Sílvio, HAYASHI, André R. SILVA, Hélio Eduardo. Como Entender o Mundo dos Negócios: o Empreendedor, a Empresa, o Mercado. Brasília: SEBRAE, 2003.
Oscar Schild, vendedor, gerente de vendas e escritor.
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