ALIENAÇÃO SOCIAL

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR*

A educação faz um povo fácil de ser liderado, mas difícil de ser dirigido; fácil de ser governado, mas impossível de ser escravizado.

Henry Peter

O homem desde sua origem que vive a procura de ideias para melhorar a sua condição humana, enquanto ser racional, fascículo único da espécie em qualquer parte do mundo, segundo a Teoria Criacionista, onde “Deus”, “Natureza”, “Jeová”, “Iavé”, “Javé”, “Cosmus”, etc, diante da realidade e do fato de um “ser” gerado do pó e para o pó voltará... apenas disso tem certeza. Existe aí um mistério que nem a razão e muito menos a indução deixou caminho para esse mesmo ser racional decifrar o enigma e ou problema: de onde vim e para onde vou? O certo é que na terra o ser racional chegou e que um dia esse mesmo ser vai desaparecer como um relâmpago, voltando para o mesmo lugar de onde veio.Tanto é assim que em João, capítulo 20, versículo 17, está escrito: “Disse-lhe Jesus: Não me detenhas [não toques], porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e disse-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”, de modo que tal interpretação literal do texto bíblico citado, entra em confronto para leitores iniciantes do texto sagrado, com o que afirma Mateus, capítulo 28, versículo 9, quando cita: “E, indo elas a dar as novas aos seus discípulos, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram”. Isso é fato e contra fato não se tem argumento, de modo que ambos evangelistas citados aqui, vivem momentos diferentes não obedecendo a uma cronologia dos fatos, a cultura linguistica é outra. O próprio evangelista João, capítulo 20, versículo 27, se contradiz, afirmando que: “Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente”. A contradição aí se verifica pelo fato de Tomé poder tocar no corpo de Jesus a mando do próprio, enquanto que Madalena, foi avisada pelo mesmo Jesus, de que não podia Nele tocar porque Ele ainda não tinha subido para o Pai. Foi discriminação a mulher pecadora Madalena? Não sabemos! Existe aí um fato profético dos evangelistas João e Mateus, bem como o estado pessoal de Maria Madalena, já que ela foi a primeira pessoa a avistar o Mestre no momento em que Ele venceu a morte dentre os mortos. Em Lucas, o evangelista, tal cronologia praticamente não existe, os fatos por ele relatados obedecem mais uma ordem moral do que cronológica. Em Mateus, capítulo 28, versículos 5-10, está escrito: “Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dentre os mortos. E eis que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito. E, saindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos seus discípulos. E, indo elas a dar as novas aos seus discípulos, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram. Então Jesus disse-lhes: Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão à Galiléia, e lá me verão. Isso acontece porque Mateus é o único dos quatro evangelistas que escreveu o evangelho na língua aramaica, idioma ou dialeto falado pelo povo judeu naquela localidade, inclusive Jesus Cristo e seus seguidores falavam o mesmo idioma naquele tempo. É portanto, tal contradição do texto bíblico, uma questão idiomática e ou de tradução lingüística e não forma de alienação do povo judeu à luz da Bíblia. É uma questão mais cultural do que ideológica, pois, a alienação, palavra de origem latina, vem de “alienatio”, no sentido de ação de tornar alguém e ou alguma coisa alheia a alguém. Assim sendo, alienação é um termo empregado em vários sentidos, inclusive envolvendo o fator cultural de cada povo e momento histórico vivenciado em cada sociedade. Não vamos dizer que Jesus Cristo a luz da fé vivia alienando seus seguidores, porém, a luz da política Ele sim fazia alienação dos seguidores Dele. Se vejamos, no sentido psicológico, o termo alienação, denota um estado emocional mental patológico de cada ser, onde o eu, a pessoa, o sujeito e o cidadão se tornar alheia a si mesma em sua totalidade. É o que o ditado popular chama que é de vaca desconhecer bezerro. Um exemplo típico disso é o povo que vive esperando receber bolsa família, bolsa escola, vale gás, vale transporte, minha casa minha vida, Fies, Prouni, Pronatec, etc., etc., como forma de calar a boca do povo carente de educação, saúde, segurança, trabalho, salários dignos, alimentação, etc., para si e para sua prole. O poder público é constituído por esse mesmo povo que depois das eleições não se vê mais no poder social e geral do Brasil, passando a vê na Igreja, no Estado e na sociedade , algo que ele não constituiu, passando a adorar a divindade (Deus, Santos, Reis, Governos, etc), tudo porque “as pessoas estão presas ao medo. Temos medo de tudo, o tempo todo. Como se não pudéssemos fazer nada. O medo é um gás paralisante”, segundo a visão de Eduardo Galeano. Acreditar que as autoridades públicas (através de voto comprado, via corrupção do erário) e privadas (via sonegação fiscal e parafiscal), são constituídas por Deus, é uma forma clara de alienação social de cada indivíduo. Cada indivíduo assim se torna alheio a si mesmo, tamanha é a sua falta de cultura, de conhecimento, de independência material e espiritual. Há tal compreensão e visão de mundo, não só no Brasil, mas em qualquer parte do mundo que conhecemos, em se tratando de um estado emocional e mental permanente de cada ser, isso representa sintoma de loucura individual, que em se passando para o grupo e para a sociedade, caracteriza dominação e ou alienação social. Por outro lado, o termo alienação em sentido jurídico, nada mais é do que, a transferência da propriedade de um bem para outro, via alienação de bens, é o instituto da compra e venda, adotado em todas as democracias capitalistas do mundo. Por outro lado, temos também o termo alienação sendo usado em termo sociológico, conferindo-lhe o sentido de separação através da violência entre dois seres que deveriam, pelos menos, naturalmente estar unidos, solidários entre si. É aí onde a alienação passa a ser usada correntemente nos escritos e no pensamento de Karl Marx (1818-1896), quando o próprio se sentiu influenciado através do mecanismo da alienação religiosa, segundo elaboração de Ludwing Feuerbach (1804-1872). Apesar de tal influência ideológica ter se originado no século XIX, o pensamento de Marx, enquanto fenômeno fundamental da sociedade capitalista, contínua sendo justamente a alienação econômica, onde o fruto do trabalho é alienado nas mãos do patrão, enquanto proprietário dos meios de produção. Aqui é importante mencionar de que o Estado em certos países do mundo, inclusive no Brasil do século XXI, exerce também a função de patrão, além de ditar as regras do jogo político e administrativo, em termos de oferecer emprego em regime de concurso público, cargos de confianças e regime de contratação especial para atender aliados e correligionários. Sem deixar de lado a legislação oficial da política salarial, diante do sistema capitalista mantido através da inflação diária da moeda real. Aqui nada cresce, apenas encolhe em termos salariais e do poder de compra de bens e serviços por parte da classe trabalhadora que constituiu um governo tido como da classe trabalhadora. A nossa gente simples continua sendo espoliada daquilo que ela própria produziu, alienada através de promessas de tempos eleitorais antecipados por programas sociais inclusivos de intenção politiqueira. A classe assalariada e desempregada continua vivendo sempre na dependência de uma remuneração mensal arbitrária e arbitrada com o pagamento dos programas sociais mencionados. É vida de dependência e escravidão material e espiritual. O nosso proletariado brasileiro vive se aviltando pouco a pouco, de modo que, perde o senso de sua dignidade, de seu futuro e de sua família, isso é fato, marginaliza-se a todo o momento, fica a margem da sociedade e se torna inevitavelmente, incapaz de participar com dignidade do processo político eleitoral nacional, apesar do Brasil já ter mais de trinta e cinco siglas partidárias, todas organizadas e fomentadas através das oligarquias rurais, urbanas e sindicais. Só quem tem dinheiro para levantar palanque é essa gente. Em nossa terra tupiniquim, é um milagre se encontrar alguém que se digna que é oposição ao governo municipal, estadual e federal. Quase a totalidade dos políticos que se elegem, preferem carregar a mala do poder da situação, do que ficar na oposição. Recebe o cala boca através de nomeação de parentes e demais seguidores aproveitadores do momento. Daí por diante, troca de partido político, aprova tudo e mando o povo para a baixa da égua..., isso faz lembrar o pensamento de Simón Bolivar, quando menciona que “ um povo ignorante é um instrumento cego da sua própria destruição”, é por isso que os sistema educacional público brasileiro vive a troncos e barrancos para que o povo tenha sempre uma educação utópica de geração em geração, porque os donos do poder enviam seus filhos para estudar na Europa nos Estados Unidos da América e ou nos melhores colégios particulares das pequenas e grandes cidades do Brasil.

Em fim, a alienação econômica é a responsável direta e indiretamente por todos os outros tipos de alienações: social, religiosa e política. É inegável não reconhecer de que o Brasil dos tempos de José Sarney, passou e levou a nossa gente ao fundo do poço. Ato seguinte, nos tempos de Fernando Collor, esse seqüestrou com seu plano econômico a poupança da classe assalariada, foi outro Deus nos acuda. No passo seguinte de nossa história recente, veio a era Itamar Franco e Fernando Henrique, surgiu o Plano Real, o povo voltou a ter uma moeda forte, esperança de futuro. O sonho foi complementado com a vitória do trabalhismo via Luiz Lula Inácio da Silva, que no frigir dos ovos, chegamos ao governo Dilma Rousseff, aí o sonho acabou por completo, voltou a inflação e o desengano de todos nós, diante da falência dos poderes constituídos de nossa nacionalidade, basta ligar uma emissora de rádio, televisão, acessar um site, blog, etc., a noticia é a mesma, levaram o dinheiro da Petrobrás, a operação Lavajato já vai na décima oitava fase, foram presos fulanos de tais, etc., etc., subiu a gasolina, o gás de cozinha, o óleo diesel, a taxa de água, a taxa de telefone, a passagem de ônibus, etc., etc., cresce deliquência infanto-juvenil, aumenta o desemprego, etc., etc., Fulano de tal levou tantos milhões, bilhões para a Suiça, para a Bahamas, etc., corrupção por toda parte. Os presídios já não tem mais lugar para receber tantos bandidos pobres e agora ricos a custa do erário federal, estadual e municipal. Por analogia, invocamos a filósofa russo-amaricana, Ayn Rand, ao nos ensina de que “quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada”, isso representa alienação e afirma que “quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores”, isso é alienação e “quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você”, isso é corrupção e alienação, de modo que “quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício”, ex-vi delação premiada nos casos do Mensalão, da Petrobrás, da Lavajato, etc, existe no grande circo chamado Brasil, assim “então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”, tal pensamento que data da década de 20 do século XX estar ainda com toda sua força literal entre nós e no mundo. No século XIX Marx defendia o fim da propriedade privada, ele entendia que tudo deveria ser público, se ele estivesse vivo atualmente, iria cometer suicídio quando soubesse que sua ideologia marxista de que tudo deveria ser público, bancado pelo Estado, faliu no Brasil, pois, praticamente nada que é público no Brasil de Pedro Álvares Cabral a Dilma Rousseff, atende as necessidades precípuas de sua população infantil, juventude, adulta e da melhor (ou pior) idade. E aí onde fica o grande impasse da ideia marxista de alienação que residia no fato de superar a alienação econômica que mandava transformar tudo que era privado em público, mantido pelo Poder Público, fato esse de que foram justamente os países comunistas que fizeram e consumaram a mais profunda alienação econômica e social. Deu tudo errado, porque a liberdade das pessoas ficaram expostas nas mãos do Estado Totalitário, ex-vi a Ilha de Cuba, dirigida por Fidel Castro e seus familiares. O povo em regime totalitário não participa das decisões, de modo que Bertolt Brecht, enfatiza “que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem”, porque mesmo no regime democrático, só quem pode ser vereador a presidente da república, são os agentes comprometidos com as oligarquias rurais, urbanas e agora sindicais. Quando um pelego se elege presidente de um sindicato, jamais ele e seus familiares querem passar o bastão para os demais associados. Isso é uma questão de sobrevivência de vida e morte. Faz pouco tempo que vi um pequeno sindicato em nossa terra viver indo todos os dias a Delegacia de Policia, ao Ministério do Trabalho e ao Poder Judiciário, ambas as partes depois das eleições entraram em ramerame no momento seguinte a apuração da eleição para sua diretoria. É apenas um modesto exemplo de permanência no poder, mesmo assim alegam que todo poder emana de Deus... De modo que o líder negro americano Malcolm Little, nos ensina que “se você não cuidar, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo”. A nossa gente brasileira, por exemplo, pensava no país das maravilhas em 2014, épocas das eleições para os cargos federais e estaduais, decorrido apenas um ano depois, estamos outra vez com o pire na mão e vendo o seu pouco conteúdo que resto sendo consumido pelo monstro da inflação, diante do caos criado pela falta de governabilidade nacional, pois, falta comando por para restituir ao proletariado a consciência de sua própria dignidade e bem assim de sua força de trabalho, de conscientizá-lo para superar a alienação econômica a que estamos submetidos em nome da democracia que nós próprios construímos através de voto livre e consciente, pois, sabemos que não podemos nos deixar governar com fome e penúria, derramando o nosso sangue, lágrima e suor para pagar a dívida que não cometemos. Temos ciência própria de que reconhecemos a criatura que criamos com nosso voto livre e democrático, o governo nacional que aí estar, trata-se da criatura esmagando o seu criador: o povo brasileiro. Por analogia, citamos o pensamento do lingüista e ativista político Noam Chomsky, ao enfatizar que “os intelectuais têm condições de denunciar as mentiras dos governos e de analisar suas ações, suas causas e suas intenções escondidas. É responsabilidade dos intelectuais dizer a verdade e denunciar as mentiras”, o que concordamos plenamente.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 04/10/2015
Reeditado em 04/10/2015
Código do texto: T5404109
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