Educação Cidadã. Sabemos de verdade o que é isso?
Todos estão preocupados com a economia, o PIB, a inflação e o dólar, e se esquecem que a maior conquista contemporânea do Brasil é a Democracia. Tudo isso é resultado da falta de uma educação de qualidade voltada para a cidadania. Não basta aprender Português, Matemática e Ciências para se tornar um cidadão. É fundamental aprender o que é realmente uma Democracia, como é estruturada e funciona a vida política, social e urbana de um país. Nossas crianças devem receber no mínimo noções de filosofia,direito, psicologia, trânsito, cultura e economia desde o início da vida escolar. Essa é a grande mudança que nunca foi feita no Brasil e nos países que boicotam a formação de verdadeiros cidadãos. Por que? Porque cidadãos de verdade sabem quais são seus direitos e deveres. São gente perigosa, pensante e que rejeita retrocessos na vida política do país. São indivíduos que sabem viver em coletividade, que leem, que criticam não só o governo mas o próprio comportamento da população, que sabem que não basta trocar os nomes dos líderes políticos, é preciso governar junto com eles. Nada mais inocente do que acreditar que o "dinheiro" é do governo. O governo não "possui" dinheiro nenhum.O dinheiro é nosso. E todos nós temos que zelar para que o dinheiro arrecadado, e que continua nos pertencendo, seja usado em prol do desenvolvimento do país. O Japão e a Coréia do Sul tinham economias semelhantes a do Brasil no começo da década de 50. Os dois países sofriam ainda as consequências das guerras e estavam se reconstruindo. Investiram pesado em Educação e hoje colhem os frutos de quem realmente investiu,e continua investindo o seu dinheiro em formar cidadãos. Por que a mídia nunca fala sobre os países nórdicos : Suécia,Dinamarca, Finlândia, Noruega, ou ainda sobre a Austrália e a Nova Zelândia ? São os países com os melhores IDHs e com os menores índices de corrupção e criminalidade do mundo. Porque não interessa divulgar que nesses países se paga porcentagens altas de imposto e o Estado ocupa um espaço significativo na estrutura econômico-social . E funciona. Nossos meios de comunicação jamais vão lhe informar que 33% da população econômica ativa da Noruega é composta de funcionários públicos, enquanto esse índice é de 12% no Brasil. Não existe imposto caro, existe retorno baixo. Não existe Estado grande, existe Estado mal administrado.
Na Austrália e Nova Zelândia testemunhei pessoalmente os resultados de uma Educação Cidadã. Os países nórdicos conheço por leituras, documentários, internet e testemunho de parentes e amigos que estiveram lá. Há uma diferença abissal entre o comportamento cidadão do Governo, do Estado e da população desses países em relação a nós e a outros emergentes, como a Índia, Rússia, China e a África do Sul . Enquanto os BRICS só falam de índices econômicos,os países de veras desenvolvidos aprimoram cada vez mais a sua Educação. Na Nova Zelândia, 1º colocado no ranking do IDH mundial em 2015, tive a oportunidade de visitar museus incríveis, repletos de interatividade, especialmente com as crianças e jovens. O resultado dessa real priorização de uma Educação Cidadã saltava aos olhos. Entrei num banheiro público tão limpo na cidade de Napier na Nova Zelândia, que era possível se deitar no chão, e como se não fosse o bastante, havia obras de arte em acrílico espalhadas pelo local. Atravessei a Nova Zelândia de carro. É inacreditável. Não há um buraco nas estradas, o gramado dos jardins, praças e de todos os espaços públicos ou privados é impecavelmente mantido. Há flores, manifestações artísticas, academias de ginástica a céu aberto, escolas e museus por todos os lugares. Não se encontra um pedaço de papel ou qualquer outro tipo de lixo no chão. A verdade é que em termos de qualidade de vida esses países estão a frente dos Estados Unidos da América, do Japão e das demais nações da Europa, dos quais ouvimos falar com freqüência nos noticiários, já que adotam uma economia de mercado agressiva e super competitiva, onde ainda reina a máxima “Tempo é Dinheiro”. Todo mundo conhece o nome do presidente dos E.U.A e a maioria sabe quem governa a Inglaterra, a França e a Alemanha. A mídia nos bombardeia com notícias da família real britânica, das decisões do governo norte americano e dos problemas de imigração na Europa. No entanto, nunca se ouve falar da organização, do bom funcionamento, da paz social, dos ótimos índices de educação, saúde e segurança da Finlândia, Dinamarca etc. Eu diria, que o melhor indicador da qualidade de vida nesses países é que nós não sabemos os nomes dos políticos que os governam. É lógico, lá não há necessidade de líderes carismáticos e salvadores da pátria. Os cidadãos que os habitam não delegam cegamente o poder aos seus governantes. Lá a eleição de um político é um início de relação, não o fim. Se a população não está satisfeita, os governantes são trocados de forma tranqüila, natural e sem traumas. Você já ouviu falar de crise política, econômica ou convulsão social na Noruega ou na Suíça? Eu confesso que nunca. Aliás, outro dia, li na Internet uma notícia inimaginável nos países que seguem a cartilha do capitalismo selvagem. Na Suécia estão fechando presídios por falta de criminosos. E olhe que as prisões suecas tem uma qualidade de vida superior a maioria dos países do mundo. Qual o segredo? Qual o mistério? A Suécia, a exemplo dos demais países nórdicos foram o berço da civilização Viking, notabilizada pela sua violência e barbárie. Mesmo, quando falamos dos países da comunidade econômica européia é preciso saber que no começo do século 20 elas eram um poço de corrupção, falta de higiene, desigualdade social e não foi por acaso que as duas grandes guerras mundiais foram lá travadas . Eles mudaram. Uns mais, outros menos. Por que isso não é possível no Brasil e no resto da América Latina? Onde estamos errando? Até quando vamos engolir a mentira de que é impossível mudar o Brasil em função de seu tamanho, da população etnicamente diversificada e numerosa? Nessa premissa, os EUA jamais poderiam ter um PIB 15 vezes maior que o nosso e as suas principais cidades deveriam estar cercadas de favelas.