CONVERSA FIADA

Quando vejo os ministros do governo Dilma diante dos microfones tentando explicar os cortes do ajuste fiscal lembro outra cena. Aquelas rodinhas de amigos que se reúnem no botequim.

Com mesas repletas de cervejas e copos cheios simbolizando os microfones, eles estão ali para um momento de descontração e conversa fiada. Quando finalmente estiverem em casa jantando, não se lembrarão 50% do que falaram.

Dos outros 50% talvez, até se lembrem. Essa é a parte da conversa fiada que nunca foi e nunca será verdade. Com um agravante a mais. Para a presidente Dilma Rousseff, tudo o que seus ministros da área econômica estão falando são bobagens. No Partido dos Trabalhadores, falar em cortes e ajuste fiscal seria como acreditar em fantasmas.

Claro que politicamente a manobra é perfeita. O cenário estaria completo se sobre a mesa além dos microfones, também estivesse uma tigela. Quem sabe os jornalistas poderiam começar depositando algumas moedinhas.

A farsa do ajuste fiscal tem um objetivo definido. O governo finge que vai cortar custos e diz: “Estamos cortando da própria carne”. Que frase mais imbecil. Só que pedimos a sua colaboração. Precisamos aumentar alguns impostos e criar outros novos.

Parece que agora uma parte do verdadeiro “legado” da Copa do Mundo chegou. O fantasma dos 7x1 veio cobrar a conta. E de repente, o governo descobriu que não tem dinheiro nem para pagar o cartão corporativo usado ali na quitanda da esquina.

Podemos explicar tudo usando uma analogia bem simples. Em todos esses anos, com o crédito das urnas o governo petista foi gastando mais e mais, e sempre pagando só o valor mínimo da fatura. Qualquer pessoa que começou fazendo isso pode contar o que aconteceu no fim?

Ainda tem as Olimpíadas. Quanto do nosso rombo deficitário está indo para um evento que o Brasil não precisava organizar. Neste momento, a ordem é economizar e não ganhar essa ou aquela medalha de ouro. Será um novo escândalo quando for calculado o custo de cada medalha ganha.

Somos mesmo um país engraçado. Quando falta dinheiro quem primeiro sofre é a saúde e a educação. Esquecem-se dos milhões patrocinando esportes de alto rendimento. E muitas vezes, o legado nos faz passar vergonha. Florianópolis foi o palco da última.

Meu sonho nem é com um país rico. Já ficaria feliz se o governo do meu país usasse a sabedoria e investisse em professores e alunos. Infelizmente o meu governo prefere investir em Thomaz Bellucci. Isso dói nas minhas costas! Por dupla falta no meu bolso!