II
Lei de causa e efeito
Podemos dizer que não há nenhum desígnio divino a fundamentar o conceito do Karma, porquanto ele é um processo, e como tal já tem o seu próprio rito de desenvolvimento. Assim, fica bem mais fácil para uma mente ocidental entender o conceito do Karma do que a ideia que fundamenta o Mak Tub. Porque a lei do Karma combina muito bem com a ideia, bastante cristã, diga-se de passagem, do livre arbítrio, enquanto no Mak Tub não há vontade humana que possa modificar o curso do processo. Tudo já está escrito. Como diz o formidável poema de Omar Kayan: “O dedo que se move escreve, e tendo escrito, Se vai. E toda argúcia e piedade, entretanto, Não o trarão de volta a mudar meia linha, Nem as palavras podes apagar com o pranto(...)”[1)
Assim, na doutrina da Cabala, Karma não é definido como uma força que está além da nossa vontade, mas sim pelas nossas próprias escolhas na vida. A lei do Karma nos ensina que certos tipos de ação nos leva inevitavelmente à resultados similares. É, pois, um processo de causa e efeito, ação e consequência, atitude e resultado.
Quando fazemos algo bom para o mundo (e bom aqui significa uma ação que trás felicidade para o próximo ou melhora as condições de vida no ambiente) cedo ou tarde um resultado proveitoso acontecerá para nós também. Ao inverso, se fizermos algo que prejudique pessoas ou o ambiente, inevitavelmente um resultado danoso para nós também advirá em algum momento.
Parece lógico isso. Afinal vivemos em mundo onde o movimento circular é a tônica. Tudo que um dia passa por nós tende a voltar em consequência desse movimento. Se jogamos lixo na rua ele não deixará as águas da chuva escorrerem; o resultado será a inundação. Se não educamos os nossos filhos conforme os nossos valores, eles irão aprender com outros, porque a nossa mente é feita de valores e na ausência deles não existe mente mas apenas sentidos sem controle nem julgamento; a consequência desse caos é sempre catastrófica. Se matamos ou roubamos alguém, incumbamos o crime em nosso ambiente e cedo ou tarde o resultado dele também nos atingirá. Isto é o que diz também o conceito budista de causa e efeito, que na sua essência reflete a lei do Karma: certas causas produzem efeitos particulares que são similares á natureza das causas que os produziram.
Tudo isso é muito natural. Porcos produzem porcos, abutres produzem abutres, pessoas produzem outras pessoas, minhocas e lagartixas produzem outras minhocas e outras lagartixas. Assim, pessoas más tendem a produzir outras pessoas más e pessoas boas tendem a produzir pessoas boas.
Dizemos tendem porque o ser humano tem o livre arbítrio e a capacidade de mudar o rumo da sua tendência genética e da sua orientação sociológica. Os animais não. Só o ambiente pode fazer isso com eles.
Lei de causa e efeito
Podemos dizer que não há nenhum desígnio divino a fundamentar o conceito do Karma, porquanto ele é um processo, e como tal já tem o seu próprio rito de desenvolvimento. Assim, fica bem mais fácil para uma mente ocidental entender o conceito do Karma do que a ideia que fundamenta o Mak Tub. Porque a lei do Karma combina muito bem com a ideia, bastante cristã, diga-se de passagem, do livre arbítrio, enquanto no Mak Tub não há vontade humana que possa modificar o curso do processo. Tudo já está escrito. Como diz o formidável poema de Omar Kayan: “O dedo que se move escreve, e tendo escrito, Se vai. E toda argúcia e piedade, entretanto, Não o trarão de volta a mudar meia linha, Nem as palavras podes apagar com o pranto(...)”[1)
Assim, na doutrina da Cabala, Karma não é definido como uma força que está além da nossa vontade, mas sim pelas nossas próprias escolhas na vida. A lei do Karma nos ensina que certos tipos de ação nos leva inevitavelmente à resultados similares. É, pois, um processo de causa e efeito, ação e consequência, atitude e resultado.
Quando fazemos algo bom para o mundo (e bom aqui significa uma ação que trás felicidade para o próximo ou melhora as condições de vida no ambiente) cedo ou tarde um resultado proveitoso acontecerá para nós também. Ao inverso, se fizermos algo que prejudique pessoas ou o ambiente, inevitavelmente um resultado danoso para nós também advirá em algum momento.
Parece lógico isso. Afinal vivemos em mundo onde o movimento circular é a tônica. Tudo que um dia passa por nós tende a voltar em consequência desse movimento. Se jogamos lixo na rua ele não deixará as águas da chuva escorrerem; o resultado será a inundação. Se não educamos os nossos filhos conforme os nossos valores, eles irão aprender com outros, porque a nossa mente é feita de valores e na ausência deles não existe mente mas apenas sentidos sem controle nem julgamento; a consequência desse caos é sempre catastrófica. Se matamos ou roubamos alguém, incumbamos o crime em nosso ambiente e cedo ou tarde o resultado dele também nos atingirá. Isto é o que diz também o conceito budista de causa e efeito, que na sua essência reflete a lei do Karma: certas causas produzem efeitos particulares que são similares á natureza das causas que os produziram.
Tudo isso é muito natural. Porcos produzem porcos, abutres produzem abutres, pessoas produzem outras pessoas, minhocas e lagartixas produzem outras minhocas e outras lagartixas. Assim, pessoas más tendem a produzir outras pessoas más e pessoas boas tendem a produzir pessoas boas.
Dizemos tendem porque o ser humano tem o livre arbítrio e a capacidade de mudar o rumo da sua tendência genética e da sua orientação sociológica. Os animais não. Só o ambiente pode fazer isso com eles.
[1] Rubaiyat, Omar Khayyam, trad. Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Eds. de Ouro, 1966
[2] Mateus, 5:14- Versão Soares