Karma: processo de auto-aperfeiçoamento
                                                     I
Em primeiro lugar Karma não se refere á destino nem tem a ver com o velho conceito muçulmano do Mak Tub, perante o qual tudo está previamente definido e por mais que se faça na vida, não é possível escapar. O conceito do Karma, na doutrina da Cabala vai muito além disso, pois envolve um processo que tem começo, meio e fim.

Para começar o conceito do Karma dá um sentido á vida humana sobre a terra respondendo aos questionamentos filosóficos feitos por pensadores e cientistas ateus, para quem a vida é apenas um fenômeno cósmico, que um dia brotou no universo por força de leis absolutamente naturais.
Para a Cabala, o mundo não foi feito de forma perfeita como a leitura literal da Bíblia dá a entender. Na verdade, o mundo está sendo construído como se fosse um edifício eternamente em construção. É um processo que se desenvolve dialeticamente, de contradição em contradição. O perfeito nasce do imperfeito para, logo em seguida, ser superado por algo ainda mais elaborado. Assim, a vida é uma eterna procura que não se esgota no ato de viver, mas apenas se consuma no resultado de um processo que pode envolver muitas vidas.
A lei do Karma envolve algo mais que o simples conceito da fatalidade. Envolve o princípio da transformação. Ela nos ensina que todas as coisas ─ animadas e inanimadas─ já estavam incubadas no Princípio que deu origem a todas as coisas. Em linguagem científica poderíamos dizer que tudo já estava presente no átomo inicial que deu origem ao Big-Bang. Com a manifestação desse Princípio deu-se o nascimento do universo material. A matéria, que era pura energia (o Espírito de Deus, como diz a Bíblia), tornou-se visível e sensível. Assim, tudo que hoje existe já existia no começo e existirá no final desse processo na forma de energia modificada. Porque na natureza nada se cria, nem se perde, apenas se transforma.
Nossa alma, que é energia, já estava presente no inicio de todas as coisas. Sendo energia que se movimenta, ela capturou massa e se transformou em organismo. Assim, nosso organismo é como uma pilha na qual uma energia está armazenada. Essa energia armazenada é que nos dá o que chamamos de vida. Quando a nossa massa corpórea se torna incapaz de agasalhar essa energia, pela degenerescência que a doença ou a velhice provoca, essa energia a abandona. O corpo volta á terra, de que é feito, mas a alma, que é luz, energia, volta ao centro, de onde ela saiu. Deus, núcleo ao qual ela pertence.
É uma tese que nos parece bastante lógica. Se o universo começou com a explosão de um corpo carregado de energia é porque havia algo, ou Alguém, nas solitudes cósmicas, carregado com essa força. Dele saiu o universo, em forma de luz, como diz a Bíblia: Exista e luz, e a luz existiu.E Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas.[1] Assim, luz é energia liberada. Quando a luz está presa, não se manifesta, ela é pura treva. Quando livre ela ilumina toda existência e permite a visão, mostrando a verdade. Por isso o conhecimento é sinônimo de iluminação. É insight. Liberar a luz interior é livrar a própria alma, a nossa centelha de luz interior, da escuridão. É promover o nosso próprio Big-Bang. O nascer para a própria realidade. Einsten, por exemplo, era judeu, e como tal deve ter tido conhecimento da doutrina cabalística, ainda que não a professasse. Mas será coincidência que tenha sido exatamente dele a mente que permitiu á humanidade penetrar na intimidade do núcleo atômico da matéria, para mostrar á humanidade a potencia energética que ela encerra? Só mesmo uma consciência com noção da relação simbiótica que a nossa alma tem com o Princípio Único de todas as causas poderia intuir algo assim. Porque o átomo é uma partícula desse Princípio. Como o nosso próprio DNA, que carrega a informação primordial da nossa conformação orgânica, ele também é um soft do universo e contém a informação do universo como um todo. 
 (CONTINUA)
do livro A CABALA E A MAÇONARIA) TITULO PROVISÓRIO. NO PRELO
 
 
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