MULHERES: UMA GERAÇÃO PERDIDA

MULHERES: UMA GERAÇÃO PERDIDA

HERIBALDO DE ASSIS *

O advento do Patriarcado (“Sistema social baseado no controle dos homens sobre as mulheres, em que estes ocupam uma posição central”) arraigou na mente feminina a submissão ao pai, ao irmão mais velho e (por fim) ao marido -somemos a esse secular arraigamento uma educação religiosa repressora, castradora e que sempre tratou o sexo como algo pecaminoso.

E para desvencilharem-se dessa secular sociedade patriarcal, machista, conservadora e opressora - uma minoria de mulheres revolucionárias (que destoava de uma maioria feminina submissa e resignada) engendrou lutas pacíficas e movimentos sociais que culminaram com o direto feminino ao voto (e o direito de serem votadas), além de uma maior inserção no mercado de trabalho (com a árdua tentativa de diminuir a grande diferença salarial entre homens e mulheres).

O direito sobre o próprio corpo é outra secular luta feminina – antigamente a mulher era “doada” em casamento pela família (muitas vezes contra a própria vontade) e ainda hoje a mulher tem seu corpo vilipendiado através da violência sexual (conforme indicam os inúmeros casos de estupro)...

Séculos de dominação patriarcal acabaram inculcando na mente feminina o próprio machismo – pois elementos como a resignação diante da violência doméstica, a submissa aceitação de um papel “inferior” na sociedade e o preconceito contra outras mulheres que ousam rebelarem-se contra os tabus impostos à mulher – são indícios de que a mulher não tornou-se apenas uma vítima do patriarcado e do machismo, mas, também, uma “reprodutora” e disseminadora dos mesmos...

Em pleno século XXI, ano de 2015 – a mulher ainda se submete aos desmandos patriarcais e aceita desempenhar um papel inferior na sociedade (muitas vezes por conformismo diante de uma condição social adversa).

E embora o casamento não seja mais forçado – na psiquê feminina o casamento ainda é algo primordial e, comumente, o ideal idílico de casar e constituir uma família se sobrepõe ao desejo de conquistar uma carreira profissional sólida e bem remunerada... (e mulheres que não se casam sofrem preconceitos até de outras mulheres – o que evidencia a reprodução dos preconceitos patriarcais pela própria mulher)...

Perpetuar a sociedade (com todas as suas mazelas, problemáticas, injustiças e fracassos) é o papel que se espera da subserviente mulher – e ela educará os filhos de acordo com os moldes patriarcais, machistas e preconceituosos preestabelecidos...

Na Biologia uma célula que se divide demasiadamente acaba se tornando cancerígena – similarmente a procriação excessiva tornou-se um câncer que esgota os recursos naturais do planeta Terra...

E por falar em Biologia – a mulher é praticamente coagida a desempenhar o seu papel biológico como uma mera fêmea do reino animal: acasalar e procriar ainda constitui a única coisa que a sociedade patriarcal espera da mulher...

E, apesar de todas as conquistas dos movimentos feministas, decerto demorará séculos para que a mulher liberte-se desses paradigmas patriarcais e conservadores – não apenas o corpo mas também a mente da mulher pertence ao pai e, depois, ao marido e, inconscientemente, a mulher continua reproduzindo (através do seu comportamento e do seu corpo - que tem o dom de procriar) os moldes antiquados dessa mesma sociedade machista que a oprime. A sociedade patriarcal fracassou, o casamento fracassou (conforme evidenciam as estatísticas sobre os divórcios e a violência doméstica). Cabe a mulher rebelar-se contra essa sociedade patriarcal, conservadora, preconceituosa, feminicida, egoísta e violenta...

O instinto materno de uma mulher não deve abraçar apenas seus filhos (ou seus futuros filhos) mas também todos os filhos desamparados do mundo... O zelo que uma mulher tem para com seu lar deve se estender para todo esse imenso lar ameaçado denominado planeta Terra.

A responsabilidade da mulher para com esse mundo é muito maior do que a do homem – pois cabe a mulher decidir se seu destino e seu corpo continuarão constituindo um instrumento de perpetuação de uma sociedade que fracassou ou um libertário instrumento de uma sociedade matriarcal - desprovida de preconceitos, sexismos, violência e intolerância...

Escritor, Poeta, Filósofo, Compositor, Redator-publicitário, Roteirista e Licenciado em Letras pela Uesc - Universidade Estadual de Santa Cruz. E-mail: herisbahia@hotmail.com

Heribaldo de Assis
Enviado por Heribaldo de Assis em 10/09/2015
Reeditado em 10/09/2015
Código do texto: T5376996
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