Canto do Mangue.
Quantas vezes, cansado de “não fazer nada”; longe dos velhos amigos, saudoso dos muitos que “decolaram, e esqueceram de voltar”, pego o meu carrinho e lá vou eu espairecer no “Canto do Mangue”, olhando de longe o que restou da velha Rampa dos meus tempos imemoriais. É lá no Canto do Mangue que vou ao encontro da amizade de velhos pescadores, velhos marinheiros calejados de tantas lutas; eles contra os rigores dos mares; eu, contra os rigores dos “ares”; a maioria já beirando a “última das idades”.
E conversamos manhãs inteiras. Completamente rudes, ou completamente sábios, são as pessoas que eu mais gosto de conversar. Pergunto, assim com quem não quer nada:- - Quem acha que é o sol, ou quem acha que é a terra que se movimenta no espaço sem fim? Um deles me olha de modo significativo e diz:- - Não há ninguém no mundo capaz de mexer com a terra! É o sol, velho piloto, que gira e gira sem parar! -- E, de que tamanho vocês acham que é o sol? Outro responde: -- Mil vezes maior que qualquer estádio desses grandes de futebol! -- E qual a distância que nos separa? -- Muito, muito longe; muito mais alto que qualquer um dos seus aviões pode chegar! Beirando as paredes do céu!
E fico pensando naqueles tempos do velho mestre Galileu, que quase foi queimado vivo nas labaredas das Inquisições, só porque afirmava, contrariando os Cardeais da época, que era o Sol o centro do nosso tão pequenino Sistema Planetário!
É realmente difícil de explicar como esse nosso “zero pequenino” consegue flutuar no espaço, girando em torno de um sol, indiferente a tudo o que se passa aqui na terra!
Setembro chegou, mês de ir à minha outrora tão querida Base Aérea de Natal, dizer que ainda estou vivo. Não conheço mais ninguém. Um velho B-26 me olha sorrindo, talvez mangando de mim... Sentimental eu sou... Eu sou demais...