MAIS DO ELEFANTE BRANCO

Lá se foram oito anos. Os mais antigos diriam “oito janeiros”. Agora parodiando as séries de televisão, estou indo para minha nona temporada. Já me perguntaram: De onde vêm tantas ideias? Eu diria que ideias se parecem com os peixes. A gente pesca. Apesar de nunca ter pescado peixes de verdade. A sorte do pescador é que político mente mais.

Meu primeiro artigo para o Jornal do Povo tinha por título “Elefante Branco”. Na época, as contas do recém-inaugurado hospital de Rio Negrinho, estavam sendo contestadas pelos políticos. E seu presidente também do ramo da mídia, colocado contra a parede.

No artigo eu escrevia que Rio Negrinho havia construído um elefante branco. Nada contra a sua construção. Depois de duas enchentes, a cidade precisava de um hospital fora da área de risco.

Embora ainda hoje alguns políticos queiram colocá-lo no seu currículo, é fato que o hospital não seria construído sem a ajuda da população. Muitos não entenderam na época. Fui acusado de ser do contra. Na verdade eu estava defendendo o presidente, ao dizer que construir foi fácil. O difícil seria manter nosso elefante branco funcionando.

Oito anos depois, embora burrice seja a palavra mais adequada, a ingenuidade política da cidade continua acreditando que possa resolver os problemas do nosso hospital. Esquecem que a cidade fica no Brasil. Basta pesquisar a situação dos hospitais brasileiros para encontrar caos de norte a sul.

Ninguém resolverá os problemas da saúde de Rio Negrinho. Nem do seu hospital. Estamos afundando juntos no mesmo barco SUS. E devemos ficar felizes de ainda conseguir manter pescoço e cabeça fora da água. Outros não têm toda essa sorte.

Então diante do cenário da saúde pública brasileira, contratar um “consultor” remunerado para resolver os problemas do hospital, não é uma questão de ingenuidade. Neste caso, é burrice mesmo.

Burrice que ficou mais escancarada quando, de repente, o consultor se transformou num péssimo humorista. Erradas não foram às piadas sem graça contadas por ele. Errada foi à plateia de nove ouvintes que o convidou. Sempre fazendo média com o povo.

Isto sem contar que, enquanto corriam atrás de votos todos os nove tinham ideias e projetos infalíveis para melhorar a saúde do município. Agora como a presidente Dilma vem ensaiando, aqui também seria bom se desculpar com os eleitores.

Diante de um elefante branco, burrice e ingenuidade não são permitidas. Deveria ser proibido aos políticos pronunciar a palavra saúde. Transformá-la em mentiras. Saúde não é como ir comprar peixe no mercado depois da pescaria. Nem uma piada.