NOSSO FUTURO GENÉTICO
Quando terminei de ler “Inferno”, fui pego me perguntando: Ainda sou eu mesmo com meu DNA original? Já que ficticiamente ou não, a doutora Sienna Brooks cita os nomes dos criadores do H5N1. Um vírus patogênico que tinha intenções apenas “acadêmicas”.
Desta vez, Dan Brown abandonou os temas religiosos. Enquanto um desmemoriado Robert Langdon percorre museus, igrejas e a arquitetura de Veneza e Istambul, o romance coloca um ponto de interrogação no futuro com a explosão demográfica.
Este é um assunto que mais cedo ou mais tarde será discutido pelo mundo real. A minha geração discute o meio-ambiente. As futuras gerações não terão como fugir do tema populacional. O quanto de gente o planeta suportará.
Lá pelo meio do romance a doutora Sienna Brooks, responsável pela reviravolta da ficção surpreende Robert Langdon com uma pergunta interessante. Ela pergunta: Você apertaria um botão que matasse um terço da população mundial?
Diante da negação veio à pergunta seguinte. Vou mudá-la um pouco sem, no entanto, perder o sentido: E se fosse para seus netos e bisnetos viverem daqui a cem anos? Você que está lendo este artigo apertaria o botão hoje?
Em “Inferno”, Dan Brown substitui o submundo dos “Iluminatis” pelos “Transumanistas”. Gênios na manipulação genética. Um deles, o doutor Zobrist, vilão do romance chega a comemorar a Peste Negra como uma das melhores coisas que aconteceram do planeta. Quando uma será criada em laboratório? Já não foi?
O romance nos coloca diante do gráfico que mostra o aumento assustador da população. Em 2050 serão nove bilhões de habitantes no planeta. E nos apresenta a “Equação do Apocalipse Mundial”, que prevê o colapso da sociedade. A causa: Superpopulação.
Mestre em simbologia, enquanto todos correm atrás do vírus criado por Zobrist, inclusive a OMS (Organização Mundial da Saúde), Robert Langdon precisa desvendar segredos e códigos no poema de Dante Alighieri. A ficção, muitas vezes, imita a realidade. E nem tudo o que parece é. Quem for ler preste atenção em Sienna Brooks.
O sonho de Zobrist é salvar o planeta reduzindo sua população. O vírus que ele criou e espalhou pelo mundo, vai acabar com a fecundidade de um terço da população mundial. Neste momento, já estaríamos todos infectados. Estranhamente o “mundo” de Zobrist termina em suicídio.
No fim, a doutora Sienna Brooks ainda nos premia com uma grande incógnita. Nas mãos de quem os avanços genéticos seriam mais perigosos: Nas de loucos e malucos, como o romance pintou Zobrist, ou nas de governos mundiais?