O QUE É PROMISCUIDADE?

Francisco de Paula Melo Aguiar

Como todos os sonhadores confundi o desencanto com a verdade!

Jean Paul Sartre

A Língua Portuguesa é realmente a última filha do Lácio, quase todas suas palavras tem e ou tiveram primitivamente origem na Língua Latina, aquela que pontificou o Império Romano. Assim sendo, veja, por exemplo, o termo promiscuidade, originário do latim “promiscuus”, de “promiscere”, significando misturar, assim compreendido no português, enquanto idioma falando e escrito no Brasil. Em sendo assim, promiscuidade em sentido lato significa a mistura desordenada e ou confusa de coisas e ou pessoas. É por analogia o que Fiódor Dostoiévski, escritor russo em sua realidade, afirma ser “a falta de liberdade não consiste jamais em estar segregado, e sim em estar em promiscuidade, pois o suplício inenarrável é não se poder estar sozinho”. No Brasil se tem liberdade para se fazer tudo, inclusive nada em favor da promiscuidade que passa os moradores de ruas neste país. Até pouco tempo, se ouvia falar muito de que, por exemplo, apenas nas favelas e ou mocambos, se tinha pessoas promiscuas, generalizava-se o referido termo em relação a tais comunidades, o que vale dizer que tal característica era própria da vida de pessoas simples ali residentes. Ressaltamos de que tal preconceito era e ou ainda é, assim concebido, tendo em vista o espaço físico reduzido das casas e ou barracos, em termos de alguns metros quadrados, onde vivem crianças, adolescentes, adultos e gente da melhor idade, formando, portanto, casais de diversas orientações sexuais e pessoas solteiras, onde moram em tais comunidades, tendo em vista suas condições econômicas precárias, principalmente de pessoas sem qualificação profissional e se não bastasse de pessoas desempregadas e ou aposentadas com salário mínimo nacional. Diziam também de que as comunidades conhecidas até então por favelas, só moravam pessoas de baixa renda, desempregadas, analfabetas, etc., como já se disse antes, de modo que pela falta de condições econômicas e financeiras, não podiam morar em habitação condigna de seres humanos. Isso representaria o que se costumou chamar de promiscuidade. E os argumentos negativos contra as pessoas que moravam em favelas eram muitos, dentre os males apontados que acarretava a promiscuidade humana em tais ambientes, o menor mal era justamente a falta de higiene nas ruas e ambientes de uso público, advindo daí a predisposição para a instalação de moléstias e ou doenças do tipo: dengue, liça e a febre chikungunya, etc., além da falta de energia elétrica, de água encanada e de esgotamento sanitário. O povo via durante o século XX assim a vida na favela, tudo por falta de moradia e políticas públicas voltadas para os mais necessitados em termos econômicos financeiros. Assim, podemos dizer que o maior mal de tudo isso, é justamente o dano de ordem moral, especialmente em relação às crianças, adolescentes, adultos e pessoas da melhor idade. Segundo Suelen Accioly, “e estranho perceber que sua "liberdade" está "cativa" aos vícios e a promiscuidade!”. Os moradores de ruas não tem: comida, moradia, remédio, segurança, etc., por onde andam as nossas autoridades constituídas que não os vêem?!... Eles precisam de políticas públicas e serem tratados como gente que representa a imagem e semelhança de Deus.

É evidente que o termo promiscuidade social é vivenciada em nossa terra na atualidade, pode feder mais não incomoda ninguém, quando comprovamos todas as noites pessoas de todas as idades morando em nossas ruas, dormindo nas calçadas, debaixo das marquises das lojas, no Correto da Praça João Pessoa, o nosso popular “Pire”, ao Deus dará nos bancos do Mercado Público Municipal de Santa Rita, sem que as autoridades constituídas e até mesmo alguma Ong voltada para o social se preocupe com as necessidades pessoais: banho, comida, moradia, segurança, roupa limpa, etc., isso sim que é promiscuidade pessoal, social, histórica, política e antropológica por parte de quem tem o dever de ajudar o homem simples a viver bem através de políticas públicas de inclusão social. Moradores de rua não podem ser confundidos por moradores de comunidades e ou favelas, haja vista que as favelas que conhecemos entre nós, são ambientes dignos de serem habitados por pessoas em todas as idades, onde estão presentes as políticas públicas, embora que de forma irregular. Alertamos de que a luta dos moradores de ruas pelo direito de morar condignamente não deve caber e ou ter lugar apenas aos que realmente vivem morando em nossas ruas pelo Brasil a fora, nessa situação miserável de abandono social por nossas autoridades federais, estaduais e municipais, mas entendemos que é dever de todos os homens e mulheres, como imperativo da solidariedade e da fraternidade humana e universal que nos alimenta em nossas orações em todos os templos cristãos, nada importa a denominação, porque o nosso Deus é único e pai de todos nós. É tempo que nossas autoridades e as forças vivas de nossa terra se preocupem com os nossos moradores de ruas em Santa Rita/PB., que ao longo dos tempos tem aumentado significativamente e nada foi feito até o presente momento para acordar a nossa sociedade organizada para combater essa chaga de desprezo e abandono moral e material dessa gente carente de tudo, durante o dia vivem em nossas portas mendigando o pão e durante a noite fazem de nossas calçadas, praças e marquises suas camas. Precisamos de políticas públicas para recuperar os nossos moradores de ruas.

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¹ Cf.: http://pensador.uol.com.br/autor/fiodor_dostoievski/biografia/

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 12/08/2015
Código do texto: T5344052
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