MUDANDO DE IDADE

Acho que chegou o momento de deixar a Idade Contemporânea para trás. Muitos falam do seu ocaso. E parece que ninguém tem coragem de enterrá-la de vez. Com toda certeza, depois de duzentos e tantos anos o contemporâneo ficou no passado. É História.

Seu início foi com a Revolução Francesa em 1789. A corrente filosófica da época era a “iluminista”, que dava importância à razão. Uau! Razão que nos levou a duas Guerras Mundiais, além de milhares de outros conflitos armados.

Os motivos foram sempre os mesmos. Conquista de territórios. Sem esquecer outro tipo de guerra que marcou a idade. A comercial. Uma disputa acirrada do capitalismo por matérias-primas e mercados consumidores. Capitalismo que depois seria engolido pelos mercados financeiros. O que começou com iluminismo e razão termina com incógnitas.

Não foram os computadores pessoais que abriram as portas da Idade Tecnológica. Muito antes do esperado esses brinquedos de mouse, teclado e monitor, tornaram-se obsoletos. Acredito que o pontapé inaugural dessa nova “Idade”, foi o advento dos telefones celulares.

Nenhum cirurgião plástico seria capaz de tal proeza em tempo tão curto. Transformar aquelas coisas “feias” de outrora, nos bichinhos lindos e amáveis de agora. É provável que você nem se importe de andar por aí sem calcinha ou sem cueca. Mas, sair de casa sem o celular ficou impossível.

Se a marca inicial da Idade Contemporânea foi o iluminismo, na Idade Tecnológica será os “conectados”. Para o bem ou mal as portas do mundo se abrem ao toque de um dedo.

Fatalmente os celulares ultrapassarão o Bombril em utilidades. Logo as listas de animais em extinção darão lugar às empresas em extinção. As primeiras serão as fabricantes de chupetas. Ao primeiro choro do bebê, os tecnológicos não colocam uma chupeta na sua boca. Colocam um celular em suas mãos. Que coisa mágica e hipnótica mamãe!

Já podemos imaginar cenas hipotéticas e divertidas de telefones celulares procurando seus pares nos sites de relacionamentos. Buscando uma alma gêmea.

Seria inocência pensar que a Idade Tecnológica estará livre dos conflitos. Infelizmente as armas futuras terão uma capacidade de destruir o planeta maior do que todas as ogivas nucleares existentes na atualidade. Podem apostar que nossos “bichinhos de estimação”, ainda serão transformados em armas mortais. Temam os laboratórios.

O que me conforta como Ser Humano, é que esses bichinhos nunca farão tudo. Mesmo assim, neste momento, muitas pessoas sonhariam despoluir a Baia da Guanabara com um leve toque na tela. Talvez, as impossibilidades ainda sejam um céu no inferno.