Cada vez mais

Cada vez mais





"Cada vez mais" dá a entender que não termina nunca...

Penso que chegamos num ponto em que tudo que recheia o drama se torna uma grande balela. A fome no mundo, ah sim, pode parar por aí. Há muito que já não existe no planeta Terra um problema de produção de alimentos, e sim de distribuição. É inegável que certas nações poderiam arregaçar as mangas e fazer cessar uma série de palhaçadas. Questão de coragem, algum despojamento e vontade firme e boa. Com logística aplicada e evidentemente algumas "limpezas", por exemplo essas matanças prodigiosas nalguns locais chegariam a um termo. Ah, chegariam. Os grandalhões precisariam se unir e focar na solução. Precisariam assumir um papel tipo Madre Teresa com uma pistola automática. Sei, isso parece uma posição radical, no problema, boa parte dos nossos, com isso quero dizer, os de pensamento afim, acham que ficar de costas para as ranhuras não irá amealhar grandes resultados. Cada vez mais elas aparecem, em toda parte, de forma assombrosa. Até aqui falamos com enfoque no mundial, mas, saiba, toda política é local. Sim, estamos falando de uma utopia que pretende dentre outras unir a turma que tem recursos e extinguir a situação geradora da imagem da criança desnutrida nos confins. Um basta pra valer. Nunca mais veríamos isso.


Ai, ai, escritores sem uma bula pra escrever e com tempo de sobra podem elucubrar utopias, já é alguma coisa, pois cada vez mais, mais inocentes são esbulhados de mil modos, pagando inclusive com a própria vida.

O mundo, ou parte dele, poderia se unir, como as plantas fazem. Veja você que uma planta ao ser ameaçada por agente patogênico, de imediato fabrica moléculas que viajam quilômetros avisando todas as outras para que preparem suas defesas.

O furo dessa utopia é que, além de pregar um pouco de força, desconsidera a politicagem.

Bom, pelo menos não se fala de Brasil e seus políticos. Até agora, pois também me parece ser um assunto cada vez mais caudaloso, repetitivo, insolúvel, insano. Falando nisso, 20% das internações compulsórias (alegados problemas mentais) no Piauí não tiveram nenhum tipo de parecer, médico ou legal. Que tal? Dados de 2014. Ah, você já ouviu falar do hospício de Barbacena? Uma linda história para contar aos seus netos numa noite de inverno. Durante 50 anos foram dizimadas nessa instituição 60.000 pessoas.

É a velha história tupiniquim da cumplicidade institucional. Percebe ser impossível uma ação dessa magnitude se prolongar por tanto tempo, praticamente incólume, tendo um único mentor? Essa é a nossa sina, a anti utopia com milhares de agregados dizimando milhões de vidas.

O globo transborda disfunções, saiba você que "Repo 105" é o codinome de uma trama da Lehman Brothers que ocultou 51 bilhões de dólares. Quem você acha que foi lesado? Lá e cá, a mesma josta, mas lá pelo menos atingiu-se um patamar de civilização, impossível desconsiderar isso.

Marion King Hubbert, geólogo que previu com muita precisão
as estações de pico e declínio das reservas de petróleo e cuja conclusão mór atesta que o mundo já chegou no pico, a propósito,
quem estuda o assunto acha que não passa de 20 ou 30 anos o esgotamento das reservas. Difícil o Pré Sal constar nas contas dele, já que desencarnou em 1989. De qualquer forma, dentro de 3 décadas, a demanda descontrolada os recursos reduzidos, imagine a cena... Quando o petróleo acabar automaticamente entra-se numa esteira de crise de alimentos. Combustíveis fósseis estão em fertilizantes e pesticidas, e não nos esqueçamos do combustível utilizado na agricultura, na irrigação.

Faça suas preces.

Semana passada tomei contato com a sigla AFP - Americans for Prosperity, são contra o ObamaCare, (acho que perderam esse capítulo),
dizem ter 2,3 milhões de associados e querem diminuição do
governo e redução de impostos. Descontando minha falta de profundidade sobre possíveis intenções ocultas que eventualmente possuam, o papo de menas governo e impostos soa atraente.

Bom, pode anotar os seguintes nomes: David Koch e Charles Koch. Indústrias Koch. São a segunda maior companhia privada americana. A riqueza pessoal dos irmãos Koch é avaliada em 50 bilhões de dólares, perdendo apenas para Warren Buffet e Bill Gates. Os brothers possuem dezenas de companhias e indústrias, inclusive petróleo e gás, refinação e produtos químicos, minerais, fertilizantes, silvicultura, polímeros, fibras, sem mencionar as fazendas. Ah, sim, esqueci, a AFP foi fundada pelos irmãos Koch.

Ora veja, parece que tudo está ligeiramente contaminado. Há coronéis por toda a parte. Aqui, entretanto, alguns deles vivem do nosso dinheiro, não saem da mídia, tem poder de vida e morte sobre seus súditos e a gente assiste com pavor o desdobramento dos eventos.

Apesar desse minhocário quase em forma de périplo aspirar utopias que consertem as peças cada vez mais quebradiças, falta o que já disse um sábio, "A alma simplifica e o ego inferior complica.”

Assim, encerro com as palavras de um Grande Mestre, proferidas no início de julho no hemisfério norte, mas disponíveis para todos os mortais, via web.

"Deus é a absoluta simplicidade.
Apenas simplicidade básica. Não há nada de complexo nisso.

Não mantém registros. Não conhece o tempo. Realmente não conhece o seu passado. Apenas conhece vocês. Não contabiliza pontuações. Não faz com que mereçam as coisas, de jeito nenhum. Não importa. É um Deus indiferente, e digo isso de um jeito muito bom. Não distribui favores, não tem times favoritos, ao contrário do que muitas pessoas acham.

Deus, basicamente, é consciência. Apenas consciência. Mas o que é consciência? Simplesmente percepção, sem forma nem estrutura, sem tamanho, sem poder. Nenhum poder. Deus, Espírito, como queiram chamar, não quer saber. Não liga. Essa é a maior forma de compaixão, por sinal. Não é uma indiferença por desconsideração. É muita compaixão,
porque o Espírito, Deus, não vê vocês como vocês se veem.

Deus é.

Deus é meu sentimento, meu saber.

Deus é minha compaixão.

Deus é minha vida diária.

Deus é minha ingenuidade, bem como minha inteligência".



(Imagem: Gustav Klimt, Árvore de Pêra, 1903)
Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 20/07/2015
Reeditado em 12/07/2020
Código do texto: T5317887
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