Meu primeiro "Voo Solo".
O meu foi num belo dia de dezembro de 59. Fazia um sol quente daqueles, naquele meu grande dia! A decolagem foi logo depois do almoço na pista “17 -- a caveirosa” -- lá no saudoso e hoje lendário “Campo dos Afonsos”, onde tantos cadetes foram imolados na busca do mais empolgante de todos os ideais: a aviação!
Livrando dos morros e dos urubus que me olhavam assustados, -- tec-tec-tec -- lá ia eu, feliz da vida, o mais novo “Dedalus”, o famoso Deus da mitologia grega! O avião era um “elegante” Fokker T-21. Obedecíamos “cegamente” às luzes da TAF, Torre dos Afonsos, pois a bela garça não era cega, mas era muda. Muitos não conseguiam “voar solo”, e foram desligados. As normas exigidas para piloto militar eram rigorosas. Quantas esperanças perdidas. Alguns foram aproveitados pela aviação civil; outros, pela Petrobrás, logo apelidados carinhosamente de “Petrobrasas”. Outros seguiram suas vidas nas Polícias Militares. Os desligamentos eram os “fantasmas” que nos perseguiam durante todo o curso de Oficiais-Aviadores. Ser considerado apto para “o primeiro voo solo”, era o “passaporte” para ingressar na Escola de Aeronáutica, promovido de aluno de Barbacena, para Cadete do Ar!
Fui indo, fui indo; foram deixando, foram deixando, até que cheguei a Coronel-Aviador, hoje “Reformado”, ganhando menos que um ascensorista do Senado Federal, proventos que tem gente dizendo que eu “choro de barriga cheia”...
Rico é o pobre que está satisfeito com o que tem.