Zorro: deixe o Sargento Garcia em paz!
Terra sem lei
Antigamente, as pessoas de bem tinham orgulho de se tornarem personalidades públicas. Eram respeitadas e admiradas pela sua comunidade. Visualizavam um futuro onde seu nome seria lembrado por duas ou três gerações posteriores pelas suas ações em prol da população de sua cidade, seu estado ou país. Claro que existiam algumas poucas pessoas que apenas pensavam em se aproveitar do prestígio obtido para se beneficiar nos momentos da realização de negócios nas altas esferas. Porém eram mais discretos na forma de agir e mais tímidos nos montantes desviados.
Com a abertura realizada pelo Presidente Figueiredo, os pilantras vorazes voltaram com mais apetite que gafanhotos famintos. Eles vieram com o objetivo de devorar a maior quantidade de recursos disponíveis no plano público, já que a maioria é composta de incompetentes que não possuem capacidade de produzir trabalho de valor para seus semelhantes. Passaram a armar conchavos sem preocupação com o conceito que o cargo lhes emprestava. O importante era sangrar os cofres e capturar as maiores quantias possíveis, transferindo-as para suas contas pessoais. Estavam tranqüilos, pois conheciam as falhas das Leis que eles mesmos ajudaram a escrever e jamais pensaram em mudar.
E o exemplo de má conduta pública passou a ser seguido pelos sucessores. Tiveram bons professores. As câmaras municipais, estaduais e federais, foram contaminadas pelas piores espécies de seres humanos existentes em nossa terra. E hoje, estas casas que chegaram a ser temas de cartões postais, são motivos de profundas vergonhas para as populações que sustentam as mordomias imerecidas de seus integrantes. Pessoas de boa formação se afastam, pois não possuem estômago para suportar as barbaridades que são montadas nos subterrâneos destas entidades. Quase todas as bancadas que habitam e chafurdam na lama apodrecida, não seguem mais nenhum comportamento ético e moral. Trocam de partido a qualquer instante, traindo a confiança de quem votou num representante de uma linha de atuação. Os escândalos que ficaram hibernando durante vários anos, agora estão explodindo aos centos, pois o recipiente de lixo não comporta mais tanta sujeira. Dilapidam o patrimônio público sem nenhuma cerimônia. Permitem que nossas riquezas sejam levadas para o exterior em troca de algumas moedas que não impedirão a convulsão social que eles próprios estão acendendo. Dão gargalhadas de nossa imbecilidade, que nos faz pagar os impostos docilmente por 4 meses, sem exigir que nos retornem benefícios para nossa melhor qualidade de vida.
Para salvar as aparências, parceiros corporativistas simulam indignação com as descobertas (que conheciam há vários anos, mas não delatavam para que as suas também não fossem exibidas) e gastam tempo, papel e nossa paciência, prometendo uma faxina que na verdade não desejam realizar. Se realmente pretendessem efetuar uma ação para restabelecer nossa confiança, não permitiriam que os incautos escapulissem incólumes e retornassem após esfriar o assunto.
O afastamento da vida pública (cargos que dependem de votos) deveria seguir uma tabela lógica da seguinte forma:
1) Quem troca de partido – 4 anos
2) Quem renuncia – 8 anos
3) Quem é condenado por desvio de verbas – para sempre afastado (além de prisão comum e resgate dos valores).
Ocorre, que tais normas não serão editadas por aqueles que pretendem desfrutar da imoral impunidade para continuar praticando seus atos ilícitos. E assim, nossos símbolos nacionais são deteriorados pela conduta impatriótica das lesmas que estão no comando sob o olhar contemplativo da sociedade que não venera seus ícones, suas tradições, seus verdadeiros heróis. Ela pouco se importa se seus filhos não entoam o Hino Nacional pelo menos uma vez por semana nas escolas, se o governo realiza licitações dirigidas para entregar nossos minérios aos estrangeiros ou se ele permite o trânsito de abutres na região amazônica sugando as riquezas que podem nos tornar fortes no cenário mundial. Fecha os olhos às denúncias dos perigos oferecidos pelas urnas eletrônicas que não permitem conferir votos após os pleitos. Ela pouco se importa se o futuro de seus herdeiros será sombrio sob o manto da colonização a que estamos condenados pelos próximos decênios. Salvo aconteça uma convulsão social por parte dos desesperados sem nada a perder.
Somente quando o povo despertar da insônia (quem sabe, após a seleção de futebol não se classificar para participar de uma copa mundial de futebol ou faltar luz na noite do último capítulo de uma novela) poderá ocorrer uma pressão popular dirigida para este objetivo. Já que nossos dirigentes não possuem honestidade suficiente para defender os interesses de nossa bandeira, talvez tenhamos de recorrer a um “xerife” para colocar ordem em nosso faroeste cotidiano. Na pior das hipóteses, serve o Sargento Garcia (se o Zorro lhe der folga).
Haroldo P. Barboza / RJ – Recreação educativa (idosos e infantil)
Autor do livro: BRINQUE E CRESÇA FELIZ!