Em benefício de quem, mesmo?
Considere o seguinte:
João é empregado das "Indústrias Reunidas de Engordadouros S. A.". Seu trabalho é a manutenção de estruturas simples: rede elétrica, hidráulica, engraxamento de máquinas etc. É devidamente registrado em carteira e seu salário é de 1.500 reais, acompanhado de vale-transporte, refeição, alguma assistência médica. Recebe décimo terceiro salário e adiantamento de férias todos os anos, regularmente.
A prestadora de serviços "Substituições Inteligentes Ltda." propôs às Industrias Reunidas colocar dentro dela uma equipe sob sua responsabilidade para cuidar dos serviços realizados pelo João e pelos dos de onze empregados mais, de mesmo nível, recebendo das Indústrias seu pagamento por isso.
Feitas as contas, a empregadora do João concluiu que, em aceitando a proposta, ela teria uma despesa 9% menor em todos os meses, assim, gratuitamente. E o que ela precisaria fazer era tão-somente rescindir o contrato de doze empregados pagando-lhes todos os direitos previstos em lei e assinar o contrato que a prestadora de serviços lhe colocara à frente. Joao foi dispensado.
Jogado na "rua da amargura", numa cidade de um país em que o índice de desemprego cresce, e que parece não ser divulgado honestamente, João, ironicamente, acabou batendo às portas das "Substituições Inteligentes Ltda.". Foi-lhe proposto um salário de 800 reais e os vales-transporte. A comida... bem, a comida, nada que uma marmita térmica não resolvesse. Era pegar ou largar. Pegou.
O destino dos outros onze empregados foi mais ou menos parecido com o do João. Eles continuam a ter "emprego com carteira assinada" e os benefícios da previdência social. O tamanho da panela da família, porém, diminuiu.
Obs.: Semelhança com quaisquer nomes é mera coincidência.
Didijim