A M O R

Francisco de Paula Melo Aguiar

Eis minha dama. Oh, sim! É o meu amor. Surge, formoso sol, e mata a lua cheia de inveja, que se mostra pálida e doente de tristeza, por ter visto que és mais formosa que ela!

William Shakespeare

O termo amor tem sua origem no latim com igual sentido da palavra. Podemos enfatizar de que o amor é sem sombra de dúvida a mais nobre ação e ou sentimento do ser humano. Ai da humanidade se não existisse amor. Nada se reduz como sendo uma mera simpatia de caráter romântico e muito menos atração sexual entre pessoas heterossexuais. O amor é algo maior do que tudo isso para quem sabe o que amar e amar de verdade. O amor consiste, segundo os ensinamentos bíblicos em querer sempre o bem do outro, direta e indiretamente através de ações e fatos tacitamente demonstrados, inclusive por palavras de bem querer de verdade, concretamente falando, mesmo sabendo que o amor é algo abstrato, porém tem caráter concreto quando se torna realidade. Quem tem amor por alguém demonstra confiança, crescimento ético, moral, profissional, religioso, respeito mútuo e familiar. O amor representa a totalidade de dois seres com os meus objetivos passados, presentes e futuros. O verbo amar significa respeitar o outro em sua totalidade. O amor é literalmente falando o próprio do dom do ser humano e amar alguém com todas as nossas forças. O amor é a promoção social do outro, tamanho é o envolvimento no caminho por ambos abraçados na vitória e na derrota. O amor é essencialmente desinteressado e isso representa a vitória plena contra o egoísmo que envolve pessoas fracas em termos morais e éticos.

No caminho que leva a perdição e bem assim a salvação, dependo do contexto em que estejam os atores envolvidos, “A” conhece “B”, isso é tão importante na vida das pessoas, que “B” se sente in loco influenciado de um conjunto de qualidades que inevitavelmente é imposto como sendo um valor na maior expressão da palavra. É o que chamamos de “príncipe” e ou “princesa” no reino da razão humana, tamanha é a sensação e o projeto a partir de então que passa a ser sonho e utopia amorosa, daí por diante. O amor é sempre impossível ser dominado como sendo um gesto de posse. O amor passa a ser a razão de nossos dias, de nossas vidas, de nossas vitórias, de nossas derrotas, de nossas frustrações, decepções e alegrias. O amor assim é compartilhado, dividido e não cabe um terceiro elemento humano e ou desumano entre ambos “A” e “B”. É só felicidades e divisão em tudo que é projeto e realização presente e futura. É assim mesmo, o amor é um ser livre, um gesto de dom. Não acreditamos em amor comprado, condicional e não compartilhado em sua plenitude. O amor interesse não sobrevive a primeira ventania e ou insucesso. É por isso que os divórcios se alastram pelo mundo afora, falta de amor, compreensão e respeito em nome do amor que é a fundação que faz o casal “A” e “B”, sobreviver a qualquer tipo de ventania em sua caminhada vitoriosa. A plenitude do amor só existe na reciprocidade do dom total, a mola propulsora que leva a tolerância mútua de ambos. Aí a família tem alicerce suficiente para edificar a realização presente e futura. É uma família forte que faz o amor. Família fracassada não põe limite nos filhos, bem como não aceita que a escola, a igreja e ou até o mesmo o Estado, em nome da sociedade o faça. O amor prever e planeja tudo isso em todas as suas relações e realizações em termos de projeto de família consistente e educada. Assim tais valores desperta o interesse pessoal de “A” possuir “B”, se tiver amor isso é possível, porque ambos são livres, não são objetos capazes de serem manipulados e assim sendo, é impossível dominar esse amor. Fica na gíria popular, ver com “os olhos e come com a cara. O amor verdade se reproduz sempre em círculos com características concêntricas, a começar por suas formas mais primitivas e intimas, surge o amor conjugal, o amor materno e ou paterno, o amor filial, o amor fraternal, bem como as formas mais amplas, chegando ao ponto de valorizar os parentes em qualquer grau de sangue e ou afinidades, os próprios conhecidos, vizinhos, colegas de aulas, de trabalho, etc., isso representa em sua amplitude até mesmos os concidadãos e a própria humanidade. O bem querer e o bem comum para todos com políticas públicas em quantidade e qualidade. Isso é o amor a causa pública.

O amor verdadeiro procura compreender as fraquezas sem ter necessidades de justificá-las, porque sabe também valorizar as qualidades do outro, a começar dos parentes mais humildes, sem lisonjeá-las. E isso não é uma manifestação apenas de palavras ao vento, em forma de carinho, mas através de gestos e obras concretas. Tamanho é o significado máximo do amor e que representa sentido social pleno em qualquer sociedade letrada e iletrada do mundo. Tudo seria muito fácil de ser resolvido no mundo desde que os homens de todas as raças e etnias se amassem verdadeiramente como irmãos, que na realidade o são. Em nome do amor fraternal, seria possível evitar tanta violência no campo e na cidade nos cinco continentes que conhecemos. O amor constrói e o ódio tem como meta principal destruir o homem pelo homem. Sem o amor será impossível se edificar a grande civilização do futuro em termos de humanidade e de conhecimento científico tecnológico. A razão tem que prevalecer contra a ação de violência, onde o homem mata o homem para sobreviver, inclusive brigando por comida e por água para beber. A geração moderna que compõe a humanidade tem que dar autenticidade e pureza em nome do amor em todos os sentidos da palavra para que evite a violência e suas formas mais deturpadas e instaladas no seio da sociedade.

O dia dos namorados é todos os dias do ano. A tradição cultural de nossa gente porém, reserva o mês junino como um período festivo desde a época do Brasil Colônia de Portugal. Tanto é assim que pode ser compreendido como uma forma agradável de amar a si e ao seu próximo, desde que não tenha violência na realização de tais festas. Temos os santos principais desse ciclo: Santo Antônio, o santo casamenteiro e assim sendo é o santo do amor. São João, o santo primo de Jesus Cristo, que teve cabeça decepada do corpo porque tem a ideologia da fé cristã que o verdadeiro cristão nunca deve ficar contra seus próprios sonhos, sejam eles da paz e ou da guerra. E finalmente, Pedro e Paulo, ambos santos defensores da fé cristã e pregadores do evangelho nos anos seguintes ao sacrifício da cruz, onde com suor, lágrima e sangue nasceu a doutrina salvadora do cristianismo. Aqui no Nordeste, especialmente esses santos tem outros significados, como por exemplo: o de fazer fogueiras, dançar quadrilhas, bailes com sanfonas, triângulos, zabumbas e pandeiros. É só alegria entre ricos e pobres, principalmente no interior da região citada. Tem cirandas, cocos de rodas, pastoris, João Redondos, procissões, novenas, comidas típicas, casamentos matutos, compromissos variados, como é o caso do tomar padrinho e/ou madrinha e/ou compadre e comadre de fogueira. Tem adivinhações e outras crendices do imaginário popular, inclusive o famoso pedido a Santo Antônio para arranjar a cara metade para se casar. São muitas as crendices populares. Assim sendo, Antoine de Saint-Exupéry, tem razão quando afirma que “Ah! Meu pedacinho de gente, meu amor, como eu gosto de ouvir esse riso! Pois é ele o meu presente”. Isso é apenas uma forma de amar e ser amado. Feliz dia dos namorados!

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 12/06/2015
Código do texto: T5274880
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