Alunos

Alunos

Para nós professores, é prazeroso chegar ao final de mais um período letivo, olhar nos olhos de nossos alunos e sentir uma gostosa sensação do dever cumprido, tanto da nossa, quanto da parte deles. Mais prazeroso ainda é obter deles uma resposta positiva quando indagamos se, com nossos ensinamentos, contribuímos para o seu progresso acadêmico e, porque não dizer, profissional.

Em cada semestre, conhecemos dezenas de novos alunos, alguns ainda adolescentes, outros, já adultos, estão sempre a nos motivar a persistir na jornada, seja pela impetuosidade dos primeiros, seja pela troca de experiência com os segundos. Em ambos os casos, prevalece a boa convivência, abalada somente por incompreensões isoladas que felizmente, no nosso caso, são desprezíveis se considerarmos o número de cinco ou seis em meio a mais de 1200 alunos que por nós passaram durante os últimos 7 anos.

Enche-nos de orgulho e porque não dizer de felicidade, reencontrar alguns de nossos alunos e deles receber a informação de que concluíram uma especialização, que estão cursando um mestrado, que foram aprovados em um concurso público ou que estão trabalhando no setor privado, seja como funcionário qualificado, seja gerindo seu próprio negócio. Quando isso acontece, enchemos o peito de orgulho e dizemos para nós mesmos: valeu, professor!

Em que pesem as dificuldades encontradas, talvez muito mais por eles, os alunos, que pagam caro para freqüentarem uma faculdade do que por nós, os professores, que ganhamos pouco, com raríssimas exceções, concluímos que valerá a pena começar de novo. Vai valer muito renovar o compromisso com as faculdades com quem mantemos vínculo, a fim de que, de modo consistente e continuado, possamos contribuir com o desenvolvimento de nossa terra e com a construção dos sonhos de nossos alunos.

Vai valer mais ainda, aguardar o próximo encontro com um ex-aluno, uma ex-aluna, para novamente sentir o aconchego de um carinho expressado num sorriso aberto, largo e pautado numa amizade fraterna que nos leva a acreditar que somos aquele “paizão” e que nos impulsiona a acreditar mais ainda, que na vida de nossos alunos, somos um instrumento despretensioso capaz de motivá-los a realizar seus mais ardorosos sonhos.

No mundo atual é comum valorizar-se muito o bom professor, o que é natural, compreensivo e bastante salutar para quem o é, mas neste mesmo mundo, não é comum destacar o papel dos alunos no aprimoramento do professor. Se ao bom professor os alunos devem muito, ao bom aluno o professor também deve. Como para nós professores é fácil distinguir o bom do mau aluno (estes são pouquíssimos), cabe-nos não excluir e reverenciar a todos, pois sem eles, o que seria de nós? Afinal, é também tarefa nossa, conter, reverter e gerenciar conflitos na sala de aula e até fora dela, quando nos for oportuno ou solicitado.

Para os que por nós passaram, nossos fraternos beijos. Para os que estão chegando, nosso escancarado abraço de esperança.

Rui Araújo de Azevedo

Economista e professor

Crônica publicada no Jornal Diário do Povo – Teresina-PI

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 15/06/2007
Código do texto: T527473