Falamos em PIB mas vivemos o PNB
Falamos em PIB mas vivemos o PNB
Publicado em março 24, 2013
(O texto é antigo, mas seu conteúdo é bastante atual)
Os dados econômicos e os debates políticos têm se concentrado, no Brasil, já por algum tempo, em torno das variações do Produto Interno Bruto – PIB. Com essa informação, as análises passam impressões ao público de como está “girando a riqueza” dentro da sociedade brasileira.
Porém, o PIB não é a medida econômica correta para a avaliação do nível de rendimento de um país. Para poder ser feito esse tipo de avaliação deve ser utilizado outro índice, o Produto Nacional Bruto – PNB, que poucas vezes é visto no centro dos debates sobre desenvolvimento social.
O PIB mede o rendimento “dentro das fronteiras do país”, não levando em consideração quem “fica” com a renda. Já o PNB, mede o rendimento “dos brasileiros” (ou empresas brasileiras), não importando se obtiveram essa renda dentro das fronteiras nacionais ou se a obtiveram pela prestação de serviço no exterior ou por rendimento de um investimento seu feito em outro país.
Por exemplo, se um investidor estrangeiro investe seu dinheiro para produção e venda no mercado brasileiro, o rendimento dessa operação, obviamente, pertencerá a ele, um estrangeiro, e portanto essa produção estará contabilizada no PIB, mas não no PNB do Brasil. E o contrário também é verdadeiro: se um brasileiro investe no exterior, o produto do seu investimento não estará contabilizado no PIB do Brasil (mas no PIB do país em que ele investiu) mas estará formando o PNB brasileiro.
Então, para avaliar a real situação econômica da nação, é necessário incluir outras informações, além do simples controle da expansão da produção nacional (PIB). E um dado relevante para esse tipo de análise é a movimentação do fluxo internacional do dinheiro – fluxo financeiro (se estamos enviando mais dinheiro para o exterior por conta de remessa de lucros, etc, ou se estamos recebendo mais dinheiro do exterior), pois aí temos como avaliar o PNB.
Claro que essa informação de relações internacionais deve ser separada da “balança comercial” (relação entre exportação e importação de bens), pois esse dado compõe o PIB, e estamos em busca do PNB.
Pois bem, de acordo com as informações do Banco Central, no mês de fevereiro, o fluxo financeiro foi negativo em U$ 795 milhões (saíram mais do que entrou), e nesse mês de março, até o dia 20, o fluxo financeiro foi negativo em U$ 1,7 bilhão.
Ou seja, quando consideramos essas informações sobre remessas de lucros e dividendos ao exterior, compreendemos que o PNB provavelmente está diminuindo. Mas essa informação fica “mascarada” ao se avaliar um dado do PIB (a balança comercial), que apontou saldo positivo em fevereiro e março, o que passa uma falsa sensação de “desenvolvimento” junto a esse “crescimento”.