Intuição e Tristeza

Hoje, depois de tantos anos, consegui intuir o que é e como é, essa sensação de recolhimento que, as vezes, nos chega; quando o tempo vira pra chuva e o dia fica com menor claridade e calor.Sempre me senti muito bem, quando isso acontecia.Mas imaginei que fosse algo relacionado à preguiça, ao não fazer quase nada, por causa das limitações do clima.Como disse, não foi uma ideia que se iluminou; mas uma intuição.E ela nem sempre pode ser traduzida em palavras.O pouco que consigo, me diz que é um desejo de recolhimento.Como se o que está aqui fora deixasse de ter a importância e o apelo rotineiro que tanto nos acostumamos a reconhecer ou aceitar.Em outras possíveis palavras, seria a vontade de se sentir livre dentro de si mesmo; como se a liberdade exterior fosse, na realidade, uma prisão à forma e às sensações que ela propicia.

(Conforme a escrita caminha, o intuitivo vai abrindo a estrada)

Para ser mais profundo, ou menos superficial, essa verdadeira liberdade (ou libertação) possui um apelido, quase sempre, incômodo e/ou assustador : morte!

Sim, o que há (e sempre houve, durante a vida), é uma "vontade de morrer"!

O que não tem nenhuma correspondência com o suicídio, diga-se de passagem.

Uma vontade de ser livre; como deve ser a da borboleta, quando ainda está na condição de larva; presa ao casulo e à propria condição.

Nesse caso humano, no entanto, não se trata de uma evolução, mas de um retorno a algo melhor; algo menos pesado e limitador.E isso não pode ser definido e, muito menos, sentido pela nossa mente; já que ela também é uma prisioneira; e o cérebro é a sua cela de carne.O coração, sim!...esse pode ser um fio condutor para a expressão da alma.Porque ela, na verdade, é quem se sente numa prisão; quem emite essa vontade de se libertar.E ele, coração, possui a linguagem que consegue ser a intérprete entre essas duas condições, esses dois idiomas : a intuição.

Porem como está a tantos anos acostumada a ser prisioneira e, dentro dessa prisão, criou e desenvolveu regras que a conferem um suposto conforto e poder, a mente (como fazem os líderes das penitenciárias) tenta se impor rapidamente.E, invariavelmente, consegue.Então, aquela sensação se dissipa.O que fica é algo sutil, indefinível e silencioso, mas verdadeiro...Algo que foi manifestado em um nível bem mais profundo e superior...Algo que a alma sentiu, ao se perceber mais próxima da vida real e menos cativa desse mundo ilusório...O que fica é um espaço vazio, que foi ocupado pela alegria...e que muitos interpretam como tristeza.

28-05-2015

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 28/05/2015
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