JK
Quando lembramos de Juscelino Kubitschek, não pensamos em nomes de logradouros, praças ou bairros. A primeira coisa que vem a cabeça é Brasília, um desenvolvimento de “50 anos em 5”. Em 1955, candidato a presidência da república, ele ajustou seu Programa de Metas. O “Pai dos pobres”, quando pisou pela primeira vez no Planalto Central, em 2 de outubro de 1956, sentiu o desafio que iria enfrentar. E em 21 de abril de 1960 foi inaugurada a nova capital do Brasil no meio do cerrado.
Algumas palavras de Juscelino antes, durante e depois de Brasília:
Antes
“Tudo teve início na cidade de Jataí, em Goiás, no dia quatro de abril de 1955, durante a minha campanha como candidato à Presidência da República. Declarei que, se eleito, cumpriria rigorosamente a Constituição. Uma voz se elevou para me interpelar”:
“Desejo saber se pretende pôr em prática o dispositivo da Carta Manda que determine, nas suas Disposições Transitórias, a mudança da capital federal para o Planalto Central”. A pergunta era embaraçosa. Já possuía o meu Programa de Metas, em nenhuma parte dele existia qualquer referência àquele problema. Respondi, contudo, como me cabia fazê-lo na ocasião:
“Acabo de prometer que cumprirei na íntegra a Constituição e não vejo porque esse dispositivo seja ignorado. Se for eleito, construirei a nova capital e farei a mudança da sede do governo”.
Durante
“Depois que o aviãozinho pousou, sentei-me num toco de árvore, à beira de um córrego. Estávamos na mata da Gama. Tudo era deserto. O céu imenso. O descampado perdia-se de vista. Alguém me trouxe um caderno, pomposamente denominado Livro de Ouro de Brasília, e me pediu que deixasse consignada na sua primeira página a minha impressão da região. Escrevi:” Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada, com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino“.
Depois
“Durante os últimos três anos, minhas reservas físicas haviam sido postas à prova até o extremo de sua resistência. Sentia-me tenso desde que chegara ao Planalto. Tudo me comovia: a cidade, a recordação das lutas travadas, a vibração do povo; enfim, a contemplação da obra, que ali estava, em todo o esplendor de sua beleza plástica. Vivendo aquele tumulto de emoções, não conseguia desfazer um aperto que sentia na garganta. Quando os ponteiros marcaram 20 minutos do dia 21 de abril de 1960, e vi o espetáculo de som e cores que armara no céu, e, olhando em termo, via a multidão contrita e com lágrima nos olhos não consegui me conter. Cobri o rosto coma as mãos e, quando dei fé de mim, as lágrimas corriam dos meus olhos”.
Porque construí Brasília – Juscelino Kubitschek (primeira edição - 1975)