A ASSEMBLÉIA DOS CÃES
Petrus, pastor alemão, cão de guarda feroz e temido:
- Sabem a última de nossos vereadores? Diz que agora todos teremos que ter um dono responsável e um chip de identificação no pescoço.
Teremos direito de sermos muito bem tratados e o dono que não nos tratar como devemos pagará uma multa.
- Eu acho isso muito bom. É como se tivéssemos uma cidadania, uma individualidade, não fôssemos apenas um entre muitos.
Quem assim ponderou foi o Lord que como sugere seu nome era um cão de muita linha. São Bernardo, enorme, imponente, inteligente e manso, bem educado e, é claro, muito bem tratado.
- Eu também aprovo. Acho que vou ficar muito charmosa com esse negócio enfiado no pescoço. Deve parecer um pirceng, retruca a Boneca, uma cachorrinha sem raça, mas muito adulada cuja dona insiste em afirmar que ela é de uma raça muito pouco conhecida, mentira essa que ela endossa.
Fifi, uma micro cachorrinha, choraminga:
- Eu não quero pôr isso no pescoço. Acho que vai doer.
Petrus volta a dizer:
- Eu não sei ainda se vou deixar me marcarem desse jeito. Se eu não quiser, não há neste Mundo quem consiga me contrariar.
Quem estava preocupado era o Pinguço.
Nascido na rua sem que ninguém tenha idéia de quem o teria gerado, foi adotado pelo Virgulina, um mendigo que repartia com ele o pouco que tinha para comer e os farrapos com que se agasalhava nas noites de frio:
- Isso deve ter um custo. E se o dono não puder pagar?
- Nesse caso o cão é encaminhado para adoção.
- E se ninguém quiser adotar? Quem adotaria um cachorro velho e feio?
E, tremendo, perguntou a medo:
- Será que ele seria sacrificado?
-Não, explicou o Petrus, ele seria encaminhado para o Canil da Prefeitura. Não se pode mais matar animais a beça.
- E quem irá sustentar essa cachorrada toda?
- Ah! Isso eu não sei...
Maith, a bisablogueira