Primeiro de abril, um dia memorável.
Há exatamente 53 anos, uma portaria com esta data me nomeava para o serviço público federal, na função de Radiotelegrafista. Para um rapazinho vindo da roça, ser admitido num emprego estável, ainda antes dos 19 anos, foi uma grande vitória. Já vinha exercendo a função, em caráter eventual, a partir dos 18 anos. Antes, na condição de praticante, sem nenhuma remuneração, ali me propus trabalhar por prazer e pelo amor à profissão que, na época, era algo muito chique. Era destaque na Marinha, no Exército e na Aeronáutica, nos jornais e empresas de médio e grande porte. Exerci a profissão durante 18 anos, até que ela foi extinta em decorrência do avanço tecnológico. Não teria mais sentido, a partir do surgimento do telex e do fax, transmitir ou receber mensagem pela radiotelegrafia, através do código Morse, que consistia em ponto e linha ou sinais curtos e longos para representar o alfabeto. Portanto, profissão definitivamente extinta. Tive de admitir que mesmo que eu fosse o melhor Radiotelegrafista do mundo estaria desempregado.
Seguindo a filosofia de Heráclito, que afirmava que “a única coisa constante na vida é a própria mudança”, procurei a ela adaptar-me. Estudei para qualificar-me em outra profissão, partindo para o concurso público, pelo que ingressei numa outra atividade que me conduziu até a aposentadoria. Mas, como dizem que “o primeiro amor a gente não esquece”, relembro hoje, com muito orgulho, aquela minha primeira profissão, para a qual fui nomeado num primeiro de abril.