Francisco - Da Igreja de Santo Antônio
Há dois domingos fiz uma caminhada que, outrora muito habitual para mim. Descer no metrô Praça da Sé e passear, sem destino, pelo centro velho de São Paulo.
No domingo parece que a Praça é um outro local, completamente diferente daquele que estamos habituados a presenciar durante a correria da semana. É certo, todo cuidado ainda é pouco, pois caso não tome, sua carteira ou bolsa poderá simplesmente desaparecer, surrupiada por algum gatuno.
Fiz isso. Desci no metrô Sé e fui caminhar. Minha primeira visita foi as escadarias da nossa grandiosa Catedral Gótica, desenho de Maximiliano Hell. Fiquei ali, sentado nas escadarias a observar o movimento. É tanta a diversidade que é possível se perder e deixar algo passar para além de sua percepção. Os evangélicos continuam, desde as primeiras horas, pregando sua fé. Um pouco mais acima, próximo à escadaria, um outro pregador - de turbante e tudo - de religião indefinida, fala de fé, da necessidade de atentar para a lei moral e cita, de passagem, musicas de Raul Seixas e Roberto Carlos, como mensagens subliminares para o bom viver. Além de muitos negociadores, pessoas vendendo de tudo. Desde roupas a bilhetes do metrô.
Ali fiquei por uma hora, aproximadamente. Após esse tempo levantei e me coloquei a caminhar pela rua Direita em direção à Praça do Patriarca.
Quando cheguei, curioso, notei que havia uma noiva por ali. Isso mesmo, uma noiva, de véu e grinalda (fazia parte de uma Cia de Teatro de Rua - fiquei sabendo através de uma pessoa) . Passei por ela e encontrei com uma moradora de rua, a Rose. Primeiro ela me solicitou um cigarro para, na sequência começar a se lamentar e dizer que estava com a cabeça sangrando com tantos piolhos. Como não tinha o cigarro, disse a ela que poderia ajudá-la a comprar um remédio, no que foi taxativa: "Não, não quero não! Ok, respondi.
Ao lado, sentado no degrau da Igreja de Santo Antonio, já me chamando de amigo, um mendigo. Um senhor de, aparentemente 50 anos de idade, barbudo e todo sujo.
Fui até ele, pedi licença e sentei-me ao seu lado. Começamos a conversar. Poucas coisas consegui extrair dele mas, o primordial foi possível. Ficar ao seu lado sem falar nada. Não quis me dizer seu nome, de onde vem, se tem ou não família, etc.
Ao final de nossa curta conversa disse meu nome e ele, a muito custo, disse-me o dele: Francisco. Dois santos conversando, segundo seu comentário.
A frase final, deste ser humano foi: Paulo, para que conversar fazendo perguntas. Isto parece um inquérito. Vamos falar da paisagem, das pessoas que passam, da correria e do que estamos sentindo. É isso gente. Este morador de rua (por opção?), deu-me uma pequena aula de como se comunicar de verdade.
Às vezes, em nossas conversas diárias, nos esquecemos do principal, nos interessar verdadeiramente pelas pessoas que nos cercam, esquecendo-se, dentro do possível de suas "patentes". É um pouco difícil, quando estamos enfiados em nossas costumeiras desconfianças.
É isto, por hoje. Meu abraço fraterno Querido Francisco (ou seja qual for o seu nome).
Há dois domingos fiz uma caminhada que, outrora muito habitual para mim. Descer no metrô Praça da Sé e passear, sem destino, pelo centro velho de São Paulo.
No domingo parece que a Praça é um outro local, completamente diferente daquele que estamos habituados a presenciar durante a correria da semana. É certo, todo cuidado ainda é pouco, pois caso não tome, sua carteira ou bolsa poderá simplesmente desaparecer, surrupiada por algum gatuno.
Fiz isso. Desci no metrô Sé e fui caminhar. Minha primeira visita foi as escadarias da nossa grandiosa Catedral Gótica, desenho de Maximiliano Hell. Fiquei ali, sentado nas escadarias a observar o movimento. É tanta a diversidade que é possível se perder e deixar algo passar para além de sua percepção. Os evangélicos continuam, desde as primeiras horas, pregando sua fé. Um pouco mais acima, próximo à escadaria, um outro pregador - de turbante e tudo - de religião indefinida, fala de fé, da necessidade de atentar para a lei moral e cita, de passagem, musicas de Raul Seixas e Roberto Carlos, como mensagens subliminares para o bom viver. Além de muitos negociadores, pessoas vendendo de tudo. Desde roupas a bilhetes do metrô.
Ali fiquei por uma hora, aproximadamente. Após esse tempo levantei e me coloquei a caminhar pela rua Direita em direção à Praça do Patriarca.
Quando cheguei, curioso, notei que havia uma noiva por ali. Isso mesmo, uma noiva, de véu e grinalda (fazia parte de uma Cia de Teatro de Rua - fiquei sabendo através de uma pessoa) . Passei por ela e encontrei com uma moradora de rua, a Rose. Primeiro ela me solicitou um cigarro para, na sequência começar a se lamentar e dizer que estava com a cabeça sangrando com tantos piolhos. Como não tinha o cigarro, disse a ela que poderia ajudá-la a comprar um remédio, no que foi taxativa: "Não, não quero não! Ok, respondi.
Ao lado, sentado no degrau da Igreja de Santo Antonio, já me chamando de amigo, um mendigo. Um senhor de, aparentemente 50 anos de idade, barbudo e todo sujo.
Fui até ele, pedi licença e sentei-me ao seu lado. Começamos a conversar. Poucas coisas consegui extrair dele mas, o primordial foi possível. Ficar ao seu lado sem falar nada. Não quis me dizer seu nome, de onde vem, se tem ou não família, etc.
Ao final de nossa curta conversa disse meu nome e ele, a muito custo, disse-me o dele: Francisco. Dois santos conversando, segundo seu comentário.
A frase final, deste ser humano foi: Paulo, para que conversar fazendo perguntas. Isto parece um inquérito. Vamos falar da paisagem, das pessoas que passam, da correria e do que estamos sentindo. É isso gente. Este morador de rua (por opção?), deu-me uma pequena aula de como se comunicar de verdade.
Às vezes, em nossas conversas diárias, nos esquecemos do principal, nos interessar verdadeiramente pelas pessoas que nos cercam, esquecendo-se, dentro do possível de suas "patentes". É um pouco difícil, quando estamos enfiados em nossas costumeiras desconfianças.
É isto, por hoje. Meu abraço fraterno Querido Francisco (ou seja qual for o seu nome).