O coração coletivo da humanidade

O coração coletivo da humanidade






"A Night in Tunisia", graciosa composição escrita por Dizzy Gillespie e Frank Paparelli em 1942, ano este que pode ter sido um sonho em algumas fatias do globo, noutras nem Dante conseguiu vislumbrar.

Se você está atento ao noticiário das últimas horas sabe da barbaridade ocorrida na Tunísia engendrada pelas mãos infames do em cartaz (até quando?) EI. Nada a declarar, exceto pesar a mais uma sombra de sofrimento.

Como tudo isso começou? Talvez seja uma pergunta simplista que por dinâmica igual reserva a seguinte resposta: com Sara.

Deus disse a Abraão: olhe para o céu e conte as estrelas e tantos serão seus descendentes. Mas a esposa de Abraão, Sara, estava envelhecendo e não engravidava. Então mandou Abraão para a cama de sua criada, Hagar. Abraão e Hagar tiveram Ismael. Pouco tempo depois Sara engravida e assim Abraão e Sara tiveram Isaac. Então Sara disse a Abraão: expulse essa escrava e seu filho. O filho dela não será herdeiro seu junto com meu filho Isaac.

Os judeus são filhos de Isaac. Os árabes, filhos de Ismael. Importante frisar que no fim dessa experiência os dois filhos se uniram para sepultar o pai.

Não há nada errado com uma religião cujas leis obrigam o homem a ter barba ou cobrir a cabeça. Mas quando a violação a estas leis torna-se um crime contra o Estado e não um crime contra seus progenitores, aí chega-se em "falta de escolha".

O muçulmano extremista está para o muçulmano como a KKK está para o cristão.

Eis a analogia religiosa.

A analogia política, (governos) exemplificando a toque de caixa águas passadas: o Taliban derrubou o governo reconhecido do Afeganistão. Esticando a analogia, quando imaginar Afeganistão, troque-o por Polônia. Quando falar Taliban, tenha em mente os nazistas. E quando pensar nos afegãos, pense nos judeus nos campos de concentração.

No séc. XI, seguidores secretos de al-Hasan ibn-al-Sabbah, o vulgo Velho da Montanha, eram doutrinados a não crer em nada e a ousar tudo e assim cometeram crimes medonhos contra seus companheiros muçulmanos e o fizeram em "êxtase religioso". De fato, fornecia-se haxixe para jovens de 12 a 20 anos e esses eram levados a um tipo de jardim forjado para prazeres, fervilhante de concubinas. Diziam-lhes que ali era o paraíso e que os anjos os levariam de volta se eles matassem os inimigos do Velho.

O nome árabe da ordem secreta sobrevive até hoje - "Assassinos".

Terrorismo ostenta um índice de 100% de fracasso. Os terroristas não só fracassam em seus objetivos como acabam fortalecendo aquilo contra o que lutam. IRA? Os britânicos continuam lá. Protestantes ainda estão lá. Há décadas beligerantes bascos fazem atentados na Espanha sem êxito de objetivo alcançado. O grupo esquerdista Brigada Vermelha, anos 60 e 70, Itália; a gangue Baader-Meinhof, Alemanha; os Weatherman nos EUA, tentando derrubar o capitalismo.

Protestos não violentos? Gandhi foi um sucesso nessa área. Vale lembrar o Movimento dos Direitos Civis, na América, com atenção carinhosa aos Cavaleiros da Liberdade (Freedom Riders) que saíram de ônibus de Washington DC até o sul retrógrado. Nos ônibus ousaram jovens negros e brancos e sua missão era demonstrar aos sulistas a possibilidade de integração racial. Pela causa, foram não violentos e apanharam pra valer dos confederados.

Os violentos são totalmente ineficientes, porém não se frustram com o fracasso.

Algumas sociedades livres tornaram-se um tanto intolerantes por conta de fanatismos de além mar.

Benjamim Franklin enfatizou que "Aquele que abre mão da liberdade essencial para obter alguma segurança temporária não merece nem liberdade nem segurança".

Não obstante, com mecanismos de controle amplamente divulgados, o que soa paradoxal, combate-se o terrorismo para garantir a liberdade. Daí começa uma união com aqueles que são dos males o menor. Terroristas não tem exército, marinha, cidades, etc. Com alguns deles inexiste outra forma de lidar a não ser a eliminação. Encontrá-los e matá-los. Que tal? Isso não acontece por meio da infantaria e sim através de um "soldado" treinado usando um silenciador. Tal evento tem lugar para o bem de muitos, não raro o crédito, por baixo do pano, fica com as agências de inteligência. Ninguém fala das vitórias delas, embora os soviéticos não tenham atravessado o Elba e os norte-coreanos continuam atrás do Paralelo 38. Sem grandes ou até mesmo nenhum incidente. Será que os terroristas tiram um dia de folga?

De onde eles vem? Não que seja uma regra, mas é impossível excluir do mapa lugares de extrema pobreza e desesperança. A pobreza, desde sempre, incubadora dos piores crimes.

Exatamente como acontece aqui. Escolas destruídas, drogas, armas, gangues.... Com as gangues o indivíduo sente que faz parte de algo e às vezes tem uma renda. Acima de tudo, há um senso de dignidade.

Agora, existe alguma nobreza em ser um mártir? Um verdadeiro mártir preferiria morrer pelas mãos de um opressor a renunciar suas crenças. Já a surrada e repetitiva equação de matar a si mesmo e a pessoas inocentes para defender um ideal não passa de um assassinato estúpido, cruel e doentio.

O mundo não precisa desse tipo distorcido de mártir e sim de heróis. Heróis morrem por seu país, mas prefeririam viver por ele.

Nunca será demais enfatizar a necessidade de cada cidadão do dito mundo livre se informar, ler jornais, livros, frequentar cinemas, museus, participar de eventos que acrescentem, tendo sempre em mente a noção que funciona como dentes de alho para espantar os de mente estreita: pluralismo. A única maneira de exterminar pela raiz esse mal que é o terrorismo, e ou extremismo, radicalismo, e comportamentos similares é cada um de nós continuar aceitando mais de uma idéia.

Atingido este primeiro passo, passamos para a fronteira que interessa, a do momento, a do coração coletivo da humanidade, ao novo ciclo rítmico que já está batendo na porta, sem espaço para a desarmonia vibracional, sem mais embates para atravancar com nossos próprios softwares desmiolados, puídos, arcaicos, fora de sincronia face ao desenrolar da criação sagrada.



(Imagem: Mão de Buda, século XIII, Japão, final do período Nara, madeira, altura: 40 cm - Museu de Arte de Cleveland)
Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 19/03/2015
Reeditado em 04/08/2020
Código do texto: T5176179
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