POLÍTICA, POESIA E COERÊNCIA

Minha arte literária ainda é precária quanto à qualidade – ainda não estou satisfeito com ela, e, amiúde, brigo muito com o que escrevo – porém os ideais que a norteiam estão claros e bem definidos. Quanto ao futuro, me apercebo que a alma popular está confusa, desnorteada, na contemporaneidade brasílica deste início do séc. XXI. Portanto, é compreensível que esteja insatisfeito com o estado de coisas em minha volta. De pouco adiantam somente ideações e teorias, porque “palavras sem atos são tiros sem balas”, como plasmou o Padre António Vieira, no Sermão da Sexagésima. Na atual quadra temporal, sou um combatente das ideias – palavra é sempre um facho de luz no punho insatisfeito. Diógenes e sua lanterna grega espiritualmente me agraciam. Docilizo a besta que ocupa o meu cadinho animal e fico à espera da concordância dos espíritos lúcidos. É esta a posição que cabe, a priori, a um veterano da guerra politica. No entanto, empolgo-me quando a Palavra me satisfaz a memória e imagino saciada a língua fácil do cortejo da mídia e da popularidade, com a superveniência do exercício da cidadania. Pagamos o preço alto dos abusos do não exercício da democracia durante mais de 20 anos. Estamos reaprendendo a andar... É necessário pagar a quota de sacrifício e a isso temos de nos acostumar. O grande palco, na contemporaneidade, é a grande rede, na qual tudo é permitido. Nada como se dizia antes: Liberdade com responsabilidade... Quando as urnas escrevem o futuro da nação, também prescrevem (por linhas tortas) quanto à conduta de seus agentes, que tendem a se movimentar e a tentar aprender a sair dos territórios da mediocridade e da corrupção. Creio imensamente no Brasil como nação, tanto quanto na Poética como lenitivo da alma para presente e futuros. Mais uma vez faço uma infinitésima parte. E imploro em minhas orações – contrito – pela Paz entre os homens na iluminada pátria brasileira. Entendo que esta é a conduta para um momento nacional de tamanha apreensão. Inexiste a omissão quando se lida com as ideias, e, sim, constrói-se nova alvorada. Alguns farão o caminho em cima destas ideações e amadurecerão soluções. Tal como a velha Itália venceu as brigadas vermelhas do terrorismo, há alguns anos, e ainda hoje se enlameia na corrupção de Berlusconi e alguns mais, numa Europa envelhecida – um todo não hegemônico quase falido, mercê do euro e sua alta posição no universo financeiro.

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

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