PRESÍDIOS... OUTRA INVERSÃO DE VALORES
Quando o prefeito Alcides chegou com a ideia da construção de um presídio em Rio Negrinho, foi prontamente colocado contra a parede. Acuado, apesar de todos os benefícios econômicos que receberia do governo, obrigou-se a voltar atrás.
Então o presídio foi parar aonde menos se esperava. Na vizinha São Bento do Sul. Quando ouvi na notícia não acreditei, principalmente por conhecer os valores germânicos daquela sociedade. Só depois fui entender. Eles decidiram construir o presídio “deles” na divisa com Rio Negrinho.
É proibido você construir no teu terreno se a janela da tua casa abrir para quintal do vizinho. Estranho que construir presídios é permitido. Quando meu pai via alguém jogando sujeira na divisa de terreno alheio ele dizia: “Que serviço de porco”.
Estranhamente a população de Rio Negrinho que rugiu contra o prefeito Alcides, simplesmente calou-se diante da atitude de São Bento do sul. Não se ouve nada dos políticos. Nada da classe empresarial. Nada dos clubes de serviços. Nada da imprensa. De todos eles eu gostaria pelo menos um pouco de barulho. E se fosse o inverso?
Sabemos que de juízes, promotores e delegados, não podemos esperar nada. Eu tenho o adjetivo perfeito para esse tipo de pessoa. Eles são “turistas”. Não me espantaria se no futuro ouvisse uma resposta assim de alguns deles: “Rio Negrinho? Nunca ouvi falar!”.
Mesmo sabendo que no fim não resolverá nada, vamos entrar com um mandato de segurança contra a construção naquele local. Mostrar aos vizinhos nossa indignação com a atitude deles. Infelizmente preferimos convidá-los para tomar cafezinho.
É espantosa a inversão de valores na construção de presídios O governo do estado praticamente quer obrigar os municípios a construí-los como mostrou uma reportagem da “Acaert”. Espanto maior é saber que para presídios sempre há verbas disponíveis no orçamento. Construção de presídios não é investimento em segurança.
E coitados dos prefeitos que precisarem construir novas escolas. Novos hospitais. Novas creches. De uma ambulância. Esses precisarão esperar em filas enormes. Além de estarem dispostos a ouvir sempre as mesmas desculpas. O governo não tem dinheiro.
O ciclo da inversão de valores se completa quando agentes penitenciários tornam-se mais importantes que professores. De repente, transformaram os presídios em lugar de educação e trabalho. Duas coisas que muitos fora deles não têm. Os presos acabam esquecendo-se do motivo de estarem lá. Eles estão lá cumprindo uma pena.
Mas, se você não pagar as contas e cumprir as obrigações, será lembrado rapidinho.