O que é liberdade?
Viver num país democrático supõe acatar a decisão da maioria, incluindo legitimar o resultado de uma eleição e permitir, protestos à parte, que o vencedor da mesma possa receber os benefícios - lê-se: responsabilidades - de ter alcançado sua vitória. Diferente disso, o nome deixa de ser democracia.
Torcer para uma escola de samba, um time de futebol ou um competidor em específico, supõe aceitar as regras da competição na qual o objeto de sua torcida se permitiu participar, independentemente das técnicas - desde que legítimas - que venham a ser utilizadas, o tornando vencedor. Qualquer argumento posterior e contrário ao resultado da competição, além de ser uma clara tentativa de deslegitimar a vitória alheia, fere os próprios princípios básicos da competição em questão.
Haver transcendido o racismo, subentende ter compreendido que cada raça surgida nesse planeta, além de ter surgido sem qualquer necessidade de permissão e aprovação individual, só pode significar que apenas surgiu por que o próprio universo - que venhamos e convenhamos, não carece de explicação - em algum momento no tempo-espaço, definiu como necessária e nesse caso, qualquer um pode perceber que não existe essa ou aquela que deva assumir pra si qualquer espécie de hierarquia.
Usar o livre-arbítrio intransferível que recebemos, só deve significar escolhemos o próprio caminho, o que em nada quer dizer que à partir dele, devamos buscar um patamar onde, ao olharmos o outro por cima, julguemos que estejam "supostamente" abaixo de nós e principalmente, jamais dizer-lhes com letras garrafais que estão embriagados de ilusão, apenas porque determinados rumos escolhidos pelo seu próprio livre-arbítrio, não coincidam com as nossas escolhas.
Ser uma pessoa religiosa - que no latim significa estar RELIGADO COM O TODO (DEUS) - pode exigir que se determine qual será o sistema de crenças que servirá para que cada pessoa em específico atinja esse objetivo, que quando atingido propicia um sentimento de perfeita harmonia e sincronicidade com tudo e todos. Se essa harmonia ainda não foi atingida, fica óbvio que a RELIGAÇÃO ainda não existe.
É natural para o ser humano, única espécie que aparentemente atingiu o dom do questionamento, criar para si um vasto território onde haja lastro pra caber todas as indagações possíveis e necessárias para nosso crescimento evolutivo, mas devemos também garantir, num recôndito canto que seja dessa vastidão, um espaço para questionarmo-nos sobre como é possível que aceitemos as coisas como são.
Afinal de contas, o que será essa tal liberdade se a gente não conseguir se livrar das prisões que infligimos aos outros e a nós mesmos?