O CRIME PERFEITO
Luciana Carrero
O crime que não deixa vestígios é uma ação fracassada, não sendo, pois, satisfatória ao ego do criminoso social. Em sua razão, o crime perfeito é premeditado para deixar espaços a investigar. O criminoso profissional não é nada requintado. Cai, portanto, na vala comum. O crime que instiga é sempre de um artista do mal em busca de reconhecimento. Deixar pistas, para ele, é tal qual pequenos orgasmos. Se nunca for descoberto, o criminoso artista entra em depressão. Seu prazer é desmoralizar a sociedade que o procura nas marcas que deixa. Se esta sociedade não consegue provar, então ele se realiza, temporariamente, voltando ao lugar do crime para ser notado e considerado no contexto. Se não o fizer, seu ato é julgado de dentro para fora de si próprio. E começa a revelar-se aos poucos para o desafio de ser punido. A ausência de suspeita é, pelo menos, algo que o criminoso artista não deseja. Se não deixou pistas suficientes seu sistema criminal procura induzir um novo raciocínio em novo crime, com algumas repetições estratégicas, para não morrer de tédio. Se as marcas levarem a ele, se divertirá enquanto nada for provado. Para isso é que existem os psicopatas.