PAÍS DOS DESMANDOS

Vivemos dias nunca esperados em nosso País. As falcatruas avolumam - se a tal ponto, que se tornou fato comum, assistirmos nos noticiários o envolvimento de políticos, empresários, e para nossa maior infelicidade, até o judiciário aparece como participante dessas imoralidades que maculam a vida nacional, e para nossa maior surpresa e decepção, nesse capítulo negro da nossa história estão incluídas figuras da mais alta representatividade da vida nacional.

O Congresso Nacional não é mais uma casa legislativa e sim, um dos focos das roubalheiras que assolam o país, e essa triste contaminação não fica só por ai, tendo os parlamentares o privilégio de julgamento em Foro especial, fazendo crer, que o crime de corrupção devesse ter seu julgamento dependente de quem o praticou e não, pela natureza do ilícito cometido, preponderando, assim, a posição social do autor...

Isso é mais uma forma de impunidade que se junta à morosidade do judiciário e fica tudo como está. Aliás, há quanto tempo a sociedade espera punição para esses chamados colarinhos brancos...?

A legislação arcaica, falha e permissiva, favorece a tudo isso, e a Polícia Federal com um trabalho digno de registro e aplausos faz a sua parte, porém, no judiciário tudo desmorona. Onde nós estamos afinal? Se isso não é o fundo do poço, o que será de nós se ainda tivermos que chegar até lá…

Contudo, não fica só por ai. Os vândalos integrantes dos “movimentos sem trégua ou sem vergonha”, que foram motivos de muitos discursos dos que aí estão, arvoram-se no direito de bloquear estradas, invadir prédios públicos e instituições, como a Hidroelétrica de Tucurui, sendo está de segurança nacional, para depredar e atingir o povo em geral que nada tem a ver com suas reivindicações, tolhendo o cidadão de bem do seu direito de ir e vir, assegurado(será...?), pela nossa sofrida e rasgada Carta Magna, já tão desacreditada que mais parece um bilhete de balcão de boteco, pois, ninguém a respeita nem lhe dá o valor que merece.

Os homens públicos que deveriam ser exemplo de moralidade, probidade e respeito aos cidadãos e a própria nação, ao invés de se constituírem num perfil a ser seguido como regra de conduta, são “exceções”.

Este é o lastimável quadro que vive o povo brasileiro. Até quando? Fala-se de reformas as mais diversas, porém, a reforma moral desses homens, será que a veremos um dia?

A carga tributária nem precisa falar. O trabalhador precisa laborar mais de uma centena de dias para pagar impostos e tem como troco estradas esburacadas, sistema de saúde que vive numa UTI sem fim, insegurança pública, entre outras mazelas que abundam por aí e que não deveriam existir, pois, os governos se sucedem e o povo não vê resultado positivo em nenhum setor, por incrível que pareça.

Se nos debruçarmos no dia-a-dia do Brasil, o que realmente anda bem? Obviamente, o crime, que prefiro não chamar “organizado”. Os governos é que sempre foram irresponsáveis e por conseqüência, “desorganizados” e ai está o resultado de toda essa ineficiência e incompetência...

Como se conceber um preso dentro de um presídio (ao menos se denomina assim...), comandar crimes por um telefone celular. Imaginemos, caso esses marginais tivessem escritórios luxuosos, com estruturas compatíveis para um bom desempenho de seus “trabalhos”, o que seria de nós?

Enfim, a sociedade pede um basta a tanta bandalheira e não mais suporta viver nesse clima de imoralidade, onde o exercício da cidadania é pura utopia, a começar pela segurança, pois, saímos de casa e não sabemos se retornaremos vivos...

Luiz Guimarães Gomes de Sá

Médico, e Membro da Academia Pernambucana de Música

LUIZ GUIMARAES
Enviado por LUIZ GUIMARAES em 04/06/2007
Código do texto: T513831